Métodos de captura, armazenamento e uso contribuem para geração de amplo portfólio com foco em fertilizantes e compostos químicos
O CO2 é atualmente uma matéria-prima real com aplicação em novos produtos das indústrias de papel, fertilizantes, alimentícia, tratamento de água, química e O&G. Esta realidade, debatida na terça-feira (03.11), durante o terceiro webinar do Fórum Online de CO2, mostra a existência de desafios tecnológicos diante da demanda para estudos por cauterizadores mais eficientes e economicamente viáveis, além da conexão de diferentes áreas de conhecimento – casos da biotecnologia e engenharia de novos processos – para promoção contínua de estudos bem sucedidos no mercado de carbono.
O evento pode ser acessado no canal do YouTube do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), responsável pela sua organização. O webinar teve a moderação da professora Luiza Cristina de Moura (Instituto de Química da UFRJ) e contou com os debatedores: Gabriel Bassani (Integrante da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento da Repsol Sinopec Brasil) e Jorge Pizarro (Engenheiro de Petróleo na Petrobras).
Bassani lembrou que a Repsol Sinopec foi um dos primeiros players globais de petróleo e gás que anunciou a ambição de zerar emissões até 2050, alinhada com o cumprimento das metas do Acordo de Paris. Para alcançar estes objetivos, a companhia reduzirá emissões com os seguintes parâmetros: 44% por eficiência dos processos, 36% por aplicações em renováveis e 9% em projetos de CCUS (em inglês, captura, uso e armazenamento de CO2). As tecnologias de CCUS permitem que o insumo seja separado dos efluentes em fontes geradoras, comprimido e injetado de forma permanente e segura em formações geológicas como reservatórios de petróleo, cavernas salinas ou camadas de carvão.
“As tecnologias de CCUS são as vias mais rápidas para conseguirmos a redução das emissões na indústria de petróleo e gás. Sem esta expertise, a Repsol teria que reduzir a totalidade de emissões em 75% até 2050 em escala global”, comenta Bassani. Ele ainda citou que o maior gargalo é a energia, mas há perspectiva da queda de custos com a matriz renovável, o que torna o CCUS financeiramente atrativo.
Segundo o profissional da Repsol Sinopec, as refinarias do futuro com captura de CO2 são soluções que devem ser consideradas. A operação se dará com obtenção de energia por meio de baixas emissões, que podem ser direcionadas para células eletroquímicas para gerar hidrogênio ou promover reação de fotocatálise. “Desta forma, podemos gerar produtos como químicos e combustíveis verdes. Os processos eletroquímicos têm eficiência muito elevada, sem gerar emissões”, destaca.
Pizarro lembrou dos desafios do pré-sal em sinergia com a opção da Petrobras, apontada em estudos, para reinjeção de CO2 com foco na extração e armazenamento do óleo. Ele comentou que o CO2 se tornou um aliado com a validação do método do WAG (injeção de gás alternada com água), proporcionando oportunidades para melhor gerenciamento da produção de gás, aumento das reservas e aprisionamento de CO2 em subsuperfície.
“Em campos offshore, temos hoje 18 FPSOs que fazem a separação e reinjeção de CO2, além de exportação por duas linhas ou rotas do insumo para a costa. Até 2019, foram reinjetadas 14 milhões de toneladas de CO2. A meta da Petrobras é que, até 2025, este valor alcance 40 milhões de toneladas de CO2, números que colocam a empresa em uma posição de liderança nesta iniciativa”, avaliou.
Esta ação, que começou nos Estados Unidos na década de 70, serve para recuperação terciária dos campos de petróleo. O CO2 é injetado – segundo planejamento da Petrobras – ainda no período de juventude do campo. Pizarro defendeu que estudos técnicos e parcerias com universidades serão fundamentais para atingir metas, além da infraestrutura – já construída no pré-sal – que poderá favorecer futuras iniciativas de captura e reinjeção.
A próxima edição do Fórum Online de CO2, que ocorrerá na terça-feira (17.11) e contará com apresentação internacional da Equinor, terá o tema “Desafios do Transporte e Injeção de CO2 – Materiais e Modais. Será online e gratuito. Inscrições podem ser realizadas neste link.