O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, ressaltou, na abertura do ESG Energia e Negócios, que a “transição energética tem de ser equilibrada de modo a não gerar um cenário de pobreza energética”, considerando a realidade e o estágio de desenvolvimento do país. “É um processo que tem de ser justo e equilibrado para não excluirmos milhares de pessoas, não só no Brasil, mas em diversos países. Não basta importar soluções que servem para outros países.”
O executivo ressaltou ainda as ações do setor no campo de novas tecnologias para a descarbonização de seus processos e que a agenda ESG está incorporada nas empresas do setor.
Durante a sessão a abertura, também foram abordados temas como a necessidade de avançar na regulação ambiental e o destaque que a agenda ESG (de combate às mudanças climáticas e à pobreza) terá nas discussões do G-20.
“A transição justa precisa tem de fornecer meios para a sociedade acessar a energia”
Uma transição energética justa para toda a sociedade foi tema central do painel na manhã do primeiro dia do evento. Raquel Coutinho, Gerente de Descarbonização do Portfólio, Cadeia de Valor e Produtos da Petrobras, destacou que “a transição justa precisa fornecer meios para a sociedade acessar a energia”.
Alexandre Szklo, professor da COPPE/UFRJ, mostrou que o setor produtivo tem potencial para descarbonizar ainda mais suas operações e “se transformar em um grande absorvedor de gases de efeito estufa”, disse.
Ana Cupelo, líder de sustentabilidade da Equinor, lembrou que a transição energética precisa ser planejada e equilibrar investimentos entre projetos de óleo e gás e em energias renováveis.
Yuri Orse, Diretor da Cadeia de Renováveis da Acelen Renováveis, destacou a liderança do Brasil na descarbonização por meio dos biocombustíveis. “Acreditamos em soluções como diesel verde e SAF. Temos ainda projetos com recuperação de terras degradadas, que, além de energia, geram desenvolvimento econômico”.
Para Fernanda Britto, Partner de ESG & Climate Change, da consultoria ERM, a “transição justa é colocar as pessoas no centro das decisões. Além disso, é preciso atuar pensando nos novos negócios e nos riscos embutidos neles”.
“ANP avalia que existe gap nos projetos de lei de CCUS no Brasil”
O desenvolvimento de um ecossistema de conhecimento entre os setores público e privado para empreendimentos de captura e armazenamento de carbono (CCUS), e a aprovação de um marco regulatório com regras claras e objetivas para o licenciamento dos projetos de crédito de carbono, são essenciais para fomentar investimentos no mercado de CCUS no Brasil. Esse foi o ponto de vista do diretor de Tecnologia e Meio Ambiente da ANP, Raphael Moura, durante o painel “Modelo Regulatório e o desenvolvimento de negócios de CCS no Brasil”.
Para Isabela Morbach (Fundadora e Diretora da CCS Brasil), “o Brasil tem potencial para ser a Arábia Saudita dos créditos de carbono” diante da geração de energia renovável do país. No entanto, ela também reforça a necessidade uma legislação que, em sua avaliação, ainda é muito focada em SBN (Soluções Baseadas da Natureza).
Já Claudio Ziglio, gerente de CCUS da Petrobras, afirmou que as atividades de CCUS são promissoras, mas ponderou se o custo da atividade de exploração e produção, via extração do óleo, compensa o investimento em empreendimento de armazenamento e estocagem de carbono.
“Exploração da Margem Equatorial: Impactos e Perspectivas”
Os benefícios da exploração de óleo e gás na margem equatorial brasileira para a sociedade foram destaque no primeiro dia de evento.
Daniele Lomba, Gerente Geral de Licenciamento e Meio Ambiente da Petrobras, apresentou dados da CNI que mostram o potencial da Margem Equatorial brasileira como geradora de 2 milhões a 3 milhões de empregos no país, R$ 400 a 800 bilhões injetados no PIB, R$ 25 bilhões a 46 bilhões em tributos, além de R$ 20 bilhões a 30 bilhões de participações especiais e royalties anualmente.
Allan Kardec, professor da Universidade Federal do Maranhão, criticou a forma como é conduzido o debate sobre a exploração dos recursos da Margem Equatorial no país. “O Brasil precisa mostrar que as energias do setor de óleo e gás são essenciais para o desenvolvimento da sociedade.”
Marcelo Thomé da Silva de Almeida, Diretor do Instituto Amazônia+21, defendeu o uso das receitas da exploração de óleo e gás na Margem Equatorial no desenvolvimento sustentável da Amazônia. “Temos 30 milhões de brasileiros nas regiões que precisam de desenvolvimento sustentável.”
“Investimentos em Energia Verde são essenciais para atrair indústrias de alta tecnologia ao Brasil”, defende especialista
Durante o painel “Riscos e Oportunidades frente aos investimentos em ESG”, o sócio da Dahlia Capital, Felipe Leal, destacou a necessidade de ampliar o investimento em energia limpa e barata para aumentar a atratividade do Brasil para novos negócios que usam grandes datacenters (armazenamento na nuvem) ou, por exemplo, a produção do aço verde.
Adriana Frenkiel, Head de HSSE da Petronas, mencionou que a empresa está investindo 20% do CAPEX em soluções de baixo carbono, especialmente em iniciativas de descarbonização, eletrificação e captura e estocagem de carbono em projetos já existentes. “Estamos investindo R$ 300 milhões de reais em universidades brasileiras. Desse total, 60% são direcionados em P&D e iniciativas com menor pegada de carbono”, avaliou.
Gabriela Schrank, Gerente Geral de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Transpetro, comentou que a empresa aplica uma “carteira de sustentabilidade” para cuidar das pessoas e comunidades, tratamento de resíduos e redução da pegada de emissões.
O evento contou com patrocínios de grandes empresas do setor, incluindo Petrobras, Equinor, ExxonMobil, Ipiranga, RepsolSinopec, Shell, Transpetro, Karoon Energy, Naturgy, OceanPact, Ocyan, SLB One Subsea, Shape e Subsea7, além da participação do Governo Federal.