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Para comemorar os dez anos do Comitê Jovem, o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) realizou na última segunda-feira, 11 de dezembro, um encontro para jovens lideranças do setor. Com o objetivo de debater as perspectivas e os impactos a serem vivenciados pela indústria de petróleo nos próximos anos, o evento reuniu jovens e profissionais do setor para um bate-papo claro e aberto.

Segundo Alessandra Simões, headhunter da Uphill e especializada em petróleo e gás, a pior fase já passou e a indústria passa agora por um processo de retomada. “O próximo ano será pós-crise e isso significa que as empresas vão buscar estruturas mais eficientes. Se em 2010 a palavra de ordem era produtividade, hoje é eficiência. É preciso produzir com margens maiores e, para isso, todos estão tentando acertar os processos via tecnologia”, explicou.

O grande desafio, porém, aponta Alessandra, está no gap da matriz organizacional. Ou seja, nos próximos 3 a 4 anos, o choque de gerações será uma realidade dentro das empresas. Com a necessidade de reduzir custos, muitos dos cargos intermediários – como os coordenadores – acabaram sendo extintos. Somado a isso, as organizações buscam senioridade e experiência para os cargos de chefia. “O resultado é que os jovens profissionais passam a responder diretamente para lideranças com diferença de até duas gerações, e a comunicação vira praticamente javanês avançado”, brinca. “Mas não adianta bater de frente, tem que aprender a conviver. É preciso resiliência. Se o chefe atual sair, não se engane, virá outro da mesma geração dele”, complementou.

Para Diego Gracioso, da Associação Americana de Geólogos do Petróleo (AAPG), o debate e a flexibilização de ambas as partes são as melhores formas de ultrapassar o desafio da diferença geracional. “É muito importante que as empresas percebam a importância dos grupos de debates, o que permite que os mais jovens se conectem com mais sêniores, além de dar a percepção de pertencimento à organização”, disse. “Já a flexibilidade pode ser demonstrada pelas companhias na forma como o profissional é tratado e em como os treinamentos são oferecidos”, finalizou.

Já Rodrigo Rueda, da Sociedade de Engenheiros de Petróleo (SPE), acredita na conjunção dos atores para o sucesso da indústria. “Não podemos apenas demandar da empresa. Quando chegamos aqui, essa indústria já existia e funcionava. Precisamos oferecer algo em troca também, como paciência, capacidade e, sobretudo, networking. Não vamos mudar o mundo em uma geração”, argumentou.

Desenvolvendo habilidades

Alessandra Simões listou três aspectos que a indústria de petróleo espera dos jovens profissionais nesse cenário pós-crise. São eles:

– Capacidade de ler o ambiente: ser capaz de entender as diferenças geracionais ao mesmo tempo em que se prepara – colocando a mão na massa – para assumir posições de liderança.

– Se adaptar: é preciso tentar sempre e buscar alternativas para os projetos mais desafiadores, que esbarram em questões orçamentárias, burocráticas, entre outras.

– Reagir: no sentido de terminar os projetos, encontrar uma solução que faça sentido para a organização.

“Resumindo, o que o setor espera de cada profissional é comprometimento e muita dedicação. E a melhor forma de provar isso em uma entrevista é com histórias. Por isso, se engaje em empresas júniores ou em associações para criar experiências profissionais”, disse Alessandra.

Para o consultor Renato Bastos, o profissional, de forma geral, se preocupa muito com a formação técnica, esquecendo-se de desenvolver habilidade emocionais essenciais para sobreviver no mercado de trabalho. “É o que chamamos de soft skills. As três habilidades mais relevantes são: colocar a energia no que é realmente importante e trará resultados tangíveis, capacidade de negociação e sair do papel de vítima, deixando as reclamações de lado”, afirmou.

O Encontro de Jovens Lideranças foi o último dos dez eventos realizados pelo Comitê Jovem do IBP neste ano. Ao todo, foram mais de 600 jovens engajados e 30 voluntários fazendo tudo acontecer ao longo de 2017.