Representantes da indústria, do governo e líderes da área de tecnologia debatem desafios de inovação no primeiro dia da O&G TechWeek
O diretor do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Fernando Rizzo, disse nesta segunda-feira (26), na primeira palestra da O&G TechWeek 2019, que o maior desafio do país na transição para a indústria 4.0 é a infraestrutura. Segundo ele, o governo tem mapeadas algumas demandas de investimento para suportar novas tecnologias, mas faltam recursos em função do contingenciamento orçamentário.
“A estratégia de transformação digital coloca uma série de demandas, como a de melhorar nosso backbone, mas enfrentamos esse desafio (de recursos)”, disse.
Rizzo destacou também a importância da tecnologia 5G para a transformação digital no setor de petróleo e gás. “Precisamos preparar a infraestrutura do país para o 5G e internet das coisas”, disse frisando que o governo vai trabalhar para realizar o leilão das frequências, mas que precisa equacionar algumas questões, como a sobreposição com as frequências da telefonia.
Para os representantes das empresas que participaram do primeiro painel da tarde do evento, a transformação digital no setor vai muito além de infraestrutura, avanços tecnológicos, uso de robótica e maior capacidade de processamento de dados. É preciso uma nova cultura corporativa, com maior integração, trabalho colaborativo e “sem ter medo de errar”. “Esse é um passo importante para inovar”, ressalta Tâmara García, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Repsol Sinopec.
Sylvia dos Anjos, gerente geral de Tecnologia Aplicada da Petrobras, afirmou que, numa indústria tradicional, essa mudança de pensamento é fundamental, com colaboração das diversas equipes que atuam no projeto de Libra, que será o primeiro ativo “totalmente conectado” operado pela companhia. “O objetivo é, em 2024, usarmos dados e informações digitais para monitorar e diagnosticar tendências que possam afetar processos, segurança, o desenvolvimento dos projetos e o desempenho do campo”, disse a executiva.
Para atingir essa meta, é necessário otimizar e redefinir processos, treinar e engajar pessoas e implementar e customizar tecnologias, destacou. E o desafio não é trivial: somente o campo de Libra, um dos maiores do pré-sal em fase de desenvolvimento, conta com 31 bases de dados e 134 sistemas.
Hege Færø-Finnvik , vice-presidente de Operações, Tecnologia e Excelência da Equinor, disse, por sua vez, que a transformação digital demanda uma “escalada para o sucesso” na área tecnológica, reinventar o modo de trabalho e inovar, sempre, ao lado do ecossistema de fornecedores.
Jane Zhang, gerente geral de tecnologia da Shell, afirmou que a transformação digital é um imperativo diante da forte mudança que o mundo atravessa, com crescimento de 100% da demanda de energia até 2050. No Brasil, a Shell já utiliza tecnologias digitais integradas de dados para análises geofísicas e para suporte à operação de poços e na integridade e gerenciamento de FPSOs (navios-plataformas de produção e estocagem de óleo e gás).
Anderson Moraes, gerente de Tecnologia e Digitalização da Aker Solutions, apresentou uma plataforma desenvolvida pela companhia que armazena e integra na nuvem dados de todas partes de sistemas de produção (poços, equipamentos subsea, plataforma, etc), o que ajuda a reduzir o tempo de resposta em falhas operacionais e acidentes, por exemplo.
Em outro painel, representantes das maiores consultorias globais destacaram as tecnologias que têm potencial para serem disruptivas no mercado de óleo e gás. Segundo eles, o maior desafio está na integração das áreas operacionais e corporativas das empresas.
“É preciso comunicar o chão de fábrica com os níveis organizacionais para viabilizar transformação digital. Precisamos de processos bem estruturados na área operacional para extrairmos dados de forma segura. É importante conseguir criar uma ponte entre esses dois níveis”, disse Victor Venâncio, sócio diretor da KPMG.
Para Glaucia Alves, diretora de Inovação da Deloitte, as empresas precisam investir em inovações nos processos que já existem, que ela chama de core e adjacentes, mas também em projetos capazes de realmente transformar o negócio. “O portfólio ideal deve ter uns 70% de projetos de inovação no core, 20% de inovação adjacente e 10% em inovação transformacional”, disse, frisando que inovação transformacional é a que evita que o negócio sofra disrupção.
Já Viviane Costa, gerente sênior da Accenture, também frisou a importância de maior atenção aos processos e destacou a maturidade do setor de petróleo e gás. Segundo ela, isso ajuda a vivenciar esse momento de transformação de forma saudável, sem correr o risco de gastar muito dinheiro e não ter transformação. “O preço do barril cai e vemos a indústria estável, diferentemente de outros momentos”, destacou.
Também participaram do primeiro dia da O&G TechWeek empresa líderes no segmento de tecnologia. A gerente de vendas da Amazon, Cristina Jeronimides, destacou a importância de ser tolerante com o erro, mas, de preferência na fase inicial do projeto, o que reduz o custo. Edilson Cardoso, gerente de Digital e Inovação, Serviços e Suporte da Embraer, companhia que também é de capital intensivo e tem grande foco em segurança assim como as empresas de óleo e gás, afirmou que a empresa busca aproveitar as competências de “todas as gerações” para inovar e conciliar flexibilidade e agilidade do mundo digital com as características do setor, muito regulado.
A O&G Techweek 2019 acontece de segunda (26) a quinta-feira (30), no AQWA Corporate, na região portuária do Rio de Janeiro com palestras, rodadas tecnológicas, hackathons e sessões de ideação.
A TechWeek é patrocinada pela Petrobras, Tishman Speyer, Fábrica de Startups, Repsol Sinopec, Siemens, Aker Solutions, Aveva, Deloitte, Hexagon, KPMG, Pepperl+Fuchs, Petronet, PwC e Innovaphone.
Veja a programação completa do evento em http://www.ogtechweek.com.br