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Evento promoveu troca de experiências entre empresas e instituições com o objetivo de aprofundar a busca por soluções que ampliem a Diversidade, Equidade e Inclusão nas companhias

O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e o Pacto de Promoção da Equidade Racial realizaram nesta terça-feira, 22 de agosto, na sede do IBP, um encontro para aprofundar as discussões sobre a Diversidade Racial na Indústria de Óleo e Gás (O&G). O tema é muito caro para o setor, que sabe que precisa buscar e implementar as melhores práticas de gestão de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I). Neste sentido, avançam ações afirmativas e iniciativas como o Índice ESG de Equidade Racial (IEER), alianças no ambiente jurídico, grupos de afinidades e planos de trabalho estratégico que visam mudar uma realidade que ainda impõe números preocupantes no que diz respeito a DE&I.

Ednalva Moura, gerente de Relações Institucionais da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, lembrou que, dos 10% mais pobres no Brasil, 70% são negros (pretos e pardos). Enquanto em posições de liderança nas empresas, as mulheres negras representam apenas 0,04% do total. “Vamos melhorar esses números com estratégia e tecnologia. Por isso, criamos o Índice ESG de Equidade Racial (IEER), uma métrica que usa um algoritmo que calcula e avalia o grau de divergência da distribuição das ocupações por raça em uma determinada unidade, em relação à distribuição racial de uma população de referência”, explicou Ednalva.

A atriz Isabel Fillardis, embaixadora da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, destacou que a representatividade e a diversidade impactam diretamente as organizações. “Firmamos parcerias com instituições de referência, como o IBP, para levar às suas empresas associadas tecnologia, dados e uma metodologia que norteia as empresas no desenvolvimento das melhorias estratégias. O Pacto de Promoção de Equidade Racial, por meio do seu IEER, dispõe gratuitamente para as empresas a possibilidade de serem assertivas nessa campanha tão importante e se colocarem na vanguarda da promoção da equidade racial”, explicou Isabel.

Lisandro Gaertner, gerente de Comissões e Gestão do Conhecimento do IBP, apontou a relevância das comissões e dos grupos de trabalho, que servem para realizar pontes entre parceiros, empresas e associações para que avanços sejam concretizados. No IBP, o Grupo de Trabalho de Raça e Etnia, criado em 2021, é um espaço de troca de conhecimento, de boas práticas, com representantes de grupos de afinidade, de responsabilidade social, unindo pretos, pardos e aliados.

Carolina Souza, Analista de Assessoria de Imprensa do IBP, membro do GT de Raça e Etnia e moderadora do evento, disse que a atração e a retenção de profissionais negros e negras da indústria de óleo e gás são o principal objetivo da iniciativa. “Começamos a fazer isso com discussões, troca de boas práticas, leitura de relatórios, pensando em ações que também desenvolvam esses profissionais dentro do setor.”, explicou Carolina, que também apresentou as realizações já concretizadas do grupo.

Em março deste ano, o IBP aderiu ao Pacto de Promoção da Equidade Racial e, em junho, aderiu à Iniciativa Empresarial pela Equidade Racial e assinou um termo de cooperação com a Universidade Zumbi dos Palmares.  Já no mês seguinte, julho, o Instituto lançou o formulário de autoidentificação de profissionais negros e negras da indústria de óleo e gás, com o objetivo de construir um grande mapeamento destes profissionais para que eles sejam valorizados e vistos dentro da indústria de energia.

Renê Medrado, sócio do Pinheiro Neto Advogados, acrescentou ao debate uma reação que muitas empresas têm quando o assunto é Diversidade Racial. “Quando fomos assinar com Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, nós paralisamos. Porque ia ser feita uma “foto”, um diagnóstico, e nós sabíamos que não ia ser uma “foto” boa. Mas descobrirmos que era necessário e que foi bom. As medições mostraram a trajetória que estávamos tendo e isso nos encorajou”, disse Renê. No contexto da Diversidade no meio jurídico, ele apontou ainda a criação, em 2017, da Aliança Jurídica pela Equidade Racial, um grupo formado por 13 escritórios de advocacia que busca uma contínua sensibilização dos funcionários por meio de palestras constantes sobre racismo estrutural e equidade racial no setor.

Rafael Araújo, chair da Black in Equinor (BE), compartilhou a experiência do grupo de afinidade racial da companhia. Ele destacou, dentre os desafios e oportunidades, a inclusão de Raça nos KPIs. “Mapear e medir Raça como um KPI é um desafio e uma oportunidade. Hoje, a Equinor já monitora e tem esses KPIs no sentido de estar consciente sobre o gap racial que existe. É com esse conhecimento que sabemos onde estamos e para onde queremos ir. Também é importante ter recursos dedicados e engajar a média e alta gestão nas ações dos grupos de trabalho”, defendeu Rafael.

Para o futuro próximo, uma das prioridades que a Comissão de Diversidade do IBP elencou para o GT de Raça e Etnia foi trabalhar em trilhas de aprendizagem específicas para profissionais negros do setor, um projeto que será liderado pela Universidade do Setor de Petróleo e Gás (UnIBP). A primeira trilha a ser lançada terá foco na área de Tecnologia. Além disso, é previsto o lançamento de um glossário focado na temática racial para a indústria de O&G, além de um artigo com as principais ações de diversidade e inclusão realizadas pelo IBP até o momento.