A busca de soluções para geração de uma energia mais limpa resultará em um aumento de até 50% na demanda por gás natural no mundo até 2040. Essa é a avaliação de Thiago Barral, superintendente de projetos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia. Para Barral, o Brasil deve acompanhar esse crescimento, pois já existe um consenso de que a transição energética por aqui será feita também a partir do uso do combustível. A dúvida, diz ele, é sobre sua utilização integrada ou não a outras soluções de geração de energia através de fontes renováveis.
Barral falou durante o International Gas Union Research Conference 2017(IGRC), que foi realizado de 24 a 26 de maio, no Rio de Janeiro. Segundo ele, o Brasil já está estudando possíveis soluções para a transição energética com o uso do gás natural para a geração termoelétrica. Atualmente, o fornecimento de energia no país é prioritariamente feito pelas hidrelétricas e o gás natural é usado de forma complementar.
Além de ajudar a aumentar o suprimento de energia no país, o uso do gás se mostra vantajoso pelo baixo impacto no meio ambiente. Para a professora Suzana Kahn, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o insumo terá um papel fundamental na diminuição da emissão de gás carbônico na geração de energia. “O uso do gás natural se mostra como uma grande oportunidade para diminuir a emissão de CO2 na atmosfera”, afirmou em palestra que discutiu o impacto do uso do energético no meio ambiente.
A diretora do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Clarissa Lins, que mediou o painel destacou que o mundo está vivendo uma transição para a era do baixo carbono. E na sua visão, a “agenda climática mundial depende, exatamente, do tipo de energia que vamos gerar a partir de quais fontes”.
Além do papel do gás na matriz energética e seu impacto no clima e meio ambiente, o IGRC abordou ainda novas tecnologias e inovações para o setor. O diretor de tecnologia da Engie, Raphael Schoentgen falou, por exemplo, do que chama de “gás verde”, produzido a partir de biomassa, e do uso de hidrogênio em veículos.
Já Toshiki Shimizu, da Panasonic, apresentou uma tecnologia que já é usada no Japão e que usa o gás para geração de energia elétrica em casas e aquecimento de água. Segundo ele, a iniciativa permite uma redução de até 50% no valor da conta de luz, com baixo impacto ao meio ambiente.
Raquel Coutinho, da Petrobras, apresentou, por sua vez, os desafios ainda enfrentados pelo setor, como gargalos de infraestrutura, e do potencial de produção de gás no Brasil, a partir da produção do pré-sal.
Considerado o principal evento internacional técnico-cientifico do setor de gás natural, o IGRC foi realizado pelo IBP pela primeira vez no Brasil, em parceria com o International Gas Union (IGU). A edição de 2017 teve o tema “Gás Natural: Catalisando o Futuro”. Por três dias, o evento abordou o papel estratégico da tecnologia no desenvolvimento do mercado de gás.
Ao todo, foram realizadas 12 sessões orais e cinco plenárias que abordaram assuntos relacionados à produção e exploração, transporte de gás, distribuição, utilização de gás industrial, clima, meio ambiente, tecnologia e inovação entre outros.