Andar de carro sem motorista, carregar o veículo em casa ou na hora do almoço e não precisar parar no posto de gasolina para abastecer. A imagem parece futurista, mas pode estar mais perto do que pensamos. Os carros elétricos e autônomos foram alguns dos projetos mostrados no terceiro dia da O&G TechWeek — evento brasileiro pioneiro promovido pela indústria focado em tecnologia e tendências para o futuro do setor de óleo e gás, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
No painel dedicado à mobilidade urbana, a moderadora Clarissa Lins, da consultoria Catavento, apontou três megatendências que estão moldando a mobilidade urbana: o compartilhamento de carros, a nova rota tecnológica e os veículos autônomos. “Esse mercado movimenta US$ 11 bilhões de investimentos em empresas de compartilhamento de carros”, disse.
Para Paulo Maisonnave, responsável pela área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Enel Brasil, a indústria de energia é a que mais vem sofrendo com as tecnologias disruptivas e a reinvenção é fundamental. “Hoje o conceito do uso do carro está mudando, ter a posse do veículo não faz mais sentido. O Brasil tem grande vantagem para adoção da eletricidade por causa da matriz energética.”
Emmanuel Hedouin, gerente de P&D da PSA, afirmou que a mudança do carro de um meio de transporte para um meio de conectividade terá vários impactos, principalmente, a segurança, mas é preciso pensar de forma integrada. “Daqui a pouco o carro vai se tornar autônomo e isso vai resolver problemas de segurança, já que mais de 90% dos acidentes são causados por erros humanos. Toda essa progressão vai chegar até 2030 com a possibilidade de tirar as mãos do volante, tirar os olhos da estrada e depois ser totalmente autônomo. Mas um carro autônomo sozinho não adianta, tem que adaptar a infraestrutura, precisa ter comunicação entre os carros e a cidade.”
Nas refinarias de petróleo, outra espécie de veículo está trazendo mudanças: os drones, que são usados para fazer inspeção em áreas perigosas ou até aonde o ser humano não poderia ir. “Eles otimizam muito o tempo, a gente consegue fazer imagens com resolução muito maior e diminui a necessidade de pessoas. A inteligência artificial está começando a ser usada muito fortemente nos drones, em especial o deep learning, com redes neurais”, disse Ulf Bogdawa, CEO da SkyDrones Tecnologia Avionica.
Além dos drones, as tecnologias digitais trazem diversas possibilidades para as refinarias. Para Constantino Seixas, diretor da Accenture, a ideia é digitalizar a refinaria com tags (termos associados com uma informação) wifi. “Uma das principais mudanças que a indústria de refino busca com a tecnologia digital é passar da manutenção corretiva para a preditiva. Conseguimos saber, por exemplo, quando vai ocorrer falha em um equipamento e reduzir custo de manutenção porque podemos nos preparar”, afirmou.
Seixas mostrou ainda várias possibilidades trazidas pela digitalização, como localização dos funcionários na refinaria, informações sobre sua atividade, conferência de horas extras, processamento de imagens, detecção de fadiga pela análise dos olhos e uso de vestíveis conectados, entre outras.
Lincoln Fernando Lautenschlager Mouro, consultor sênior da Petrobras, vê grandes oportunidades na forma de operar as refinarias. Com um celular, um operador de campo pode receber informações do supervisor, que programa uma instrução no sistema. Na hora da execução, aquilo aparece para ele. Aumenta a segurança e reduz risco de operações incorretas. “Na ideia da refinaria conectada, começamos a falar de Digital Twin, ou refinaria digital. É um modelo matemático, dinâmico, detalhado de toda a planta que vai ser executado em paralelo com o mundo real e também fornecendo informações.”
A O&G TechWeek segue até sexta-feira (25) e é patrocinada pela Petrobras, Governo Federal, Repsol Sinopec Brasil, Shell Global Solutions, Aker Solutions e Deloitte.