A necessidade da definição de uma governança sobre a precificação de carbono na transição para uma economia de baixo carbono foi o tema principal da terceira reunião ordinária da Comissão de Mudanças Climáticas, que reuniu cerca de 40 pessoas entre membros da comissão, da diretoria do IBP e convidados.
A palestrante Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), abriu as discussões e falou sobre a transição de carbono no mundo, os países que estão adotando essa política e as empresas que já incorporaram a precificação de carbono aos seus portfolios de ativos. “Esse é um processo irreversível”, disse.
O CEBDS também propõe iniciar esse processo de forma gradual para a indústria e com benefícios para a conservação florestal. Durante a reunião, Marina citou o estudo, em desenvolvimento pelo Ministério da Fazenda, que vai propor ao governo federal a adoção de metodologias para a precificação de carbono. Para a economista, o mercado livre é o melhor mecanismo, pois estimula a competitividade e coloca o Brasil em posição de alinhamento com o mercado internacional.
Outro ponto discutido no encontro foi o artigo dos professores Roberto Schaeffer e Alexandre Szklo, da Coppe/UFRJ, publicado na revista Nature Climate Change. O estudo aponta que as deficiências nas ações do governo para o atingimento das metas estabelecidas para limitar o aquecimento global (NDCs), assinado por mais de 190 países em 2015 em Paris, pode impactar diretamente o setor produtivo brasileiro, em especial a indústria de petróleo.
Para Carlos Victal, gerente de sustentabilidade do IBP, há um alerta importante: “A indústria precisa se preocupar com o desmatamento no Brasil, pois é a forma de mitigação de gases de efeito estufa mais barata para o país”. Ele reforçou também a importância da definição de uma governança e de uma gestão transparente das metas comprometidas pelo Brasil no âmbito das NDCs.
Com base nos estudos apresentados nesta reunião, a comissão vai discutir com as empresas do setor quais serão os caminhos para consolidar o posicionamento da indústria de petróleo e gás, no Brasil, considerando a janela de oportunidade do setor neste momento e o seu papel relevante na transição para uma economia de baixo carbono.