O último dia dos eventos, que reuniu cerca de 1.550 participantes, apresentou os desafios para os setores de petróleo e gás, refino e energia nuclear
O último dia do Congresso Rio Automação trouxe mais uma vez o debate em torno da transformação digital na indústria de petróleo e gás, abordando a relevância da tecnologia para o fortalecimento do setor. Já na Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos (COTEQ), discussões em torno do futuro da energia nuclear e dos desafios do refino marcaram as plenárias do segundo dia de programação. Os eventos – realizados pelo IBP – aconteceram paralelamente, no Rio de Janeiro.
Rio Automação
A transformação digital vem sendo o grande foco do setor de petróleo e gás. Seguindo essa tendência, Ruben Schulkes, gerente de Tecnologia e Inovação da Equinor, e Isabel Waclawek, diretora de Pesquisa & Desenvolvimento da Total E&P Brasil, apresentaram as tecnologias que vêm auxiliando as empresas operadoras internacionais (IOCs) na transição entre uma empresa exclusivamente de petróleo e gás para companhias de energia. De acordo com Schulkes, são necessários três caminhos para a sustentabilidade: redução da intensidade de gás carbônico (CO2), energia renovável e descarbonização da cadeia de valor.
“Na Equinor, entendemos que não há conflito entre baixa emissão de carbono e alto valor agregado. Nesse sentido, 25% dos recursos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da companhia serão destinados para tecnologias de baixo carbono até o final de 2020. Além disso, na Noruega, estamos desenvolvendo um projeto piloto para captura e armazenagem de CO2 em escala industrial, o que é o primeiro passo para descarbonizar a cadeia de valor”, explicou Schulkes.
Já a Total está apostando na aproximação com startups. Segundo Isabel, essas empresas trazem um mindset diferente, com tecnologias disruptivas. “Estamos trazendo para o Brasil um modelo que desenvolvemos no exterior para aproximar as startups não só da Total e seus negócios, mas também da indústria de petróleo e gás. O digital cria mais valor a um custo menor”, expôs. Além disso, a companhia já obtém resultados significativos com outras tecnologias. “A robótica, por exemplo, está contribuindo para a segurança operacional atingindo reduções de custo em 20%”, complementou.
No painel de encerramento, Carlos Tunes, Watson IoT Latin America Executive da IBM, falou sobre a transformação digital, com foco na inteligência artificial, como iniciativa para melhorar a capacidade intelectual e física do profissional e da indústria de óleo e gás.
“A sociedade está em constante mudança, por isso as empresas e seus profissionais são obrigados a se transformarem. Uma pesquisa feita em 2015 com CEOs de multinacionais apontava a tecnologia como a mais importante força externa que poderia afetar, segundo eles, suas organizações. Portanto a transformação digital se tornou o caminho a ser percorrido na evolução do conhecimento e inovação”, explicou Tunes.
O Congresso Rio Automação é patrocinado pela Petrobras, Aveva, Siemens, Honeywell, KPMG e MSA Safety. Já a COTEQ é patrocinada pela Petrobras, Eletronuclear e PetroRio.
COTEQ
Na plenária sobre o futuro da geração elétrica nuclear no Brasil, Leonam Guimarães, presidente da Eletronuclear, apresentou um amplo panorama sobre a relevância do país na industrial global. Com 309 mil toneladas, o Brasil tem a sétima maior reserva de urânio do mundo, tendo apenas 30% do território prospectado. De acordo com Guimarães, isso significa que o país poderia ter a maior reserva do mundo.
Outro aspecto apresentado por Guimarães foi a importância dessa fonte energética para o estado do Rio de Janeiro. Dados do último balanço energético do estado, de 2016, indicam que 40% de toda a energia elétrica consumida no estado foram geradas pelas usinas nucleares de Angra dos Reis. Se Angra 3 estivesse em operação naquele ano, o percentual teria sido 67%. Atualmente, a construção de Angra 3 está momentaneamente paralisada.
“Até 2015, o progresso físico da usina atingiu 62,5% das obras. A estimativa é que seja necessário um investimento de R$ 15 bilhões para a conclusão de Angra 3, além dos R$ 10 bilhões já investidos. O custo para não concluir a usina é de quase R$ 12 bilhões e, portanto, essa opção está descartada. Inclusive, o edital para realização do leilão para retomada da construção de Angra 3 está previsto para o segundo semestre desse ano”, analisou o executivo.
Para a área de refino, Daniel Sales, gerente geral na Petrobras, acredita que a indústria do futuro necessitará desenvolver estratégias para vetores como meio ambiente e segurança das operações, com rigor crescente na regulação para a atividade, eficiência dos processos e transformação digital, a inteligência artificial na automação de todos os processos, margens cada vez mais estreitas, levando a controles precisos de custos e tomada de decisão em tempo real, conforme variações de processos e custo de matéria prima.
Por fim, a dificuldade de qualificação e adequação do profissional da indústria em relação à exigência do mercado atual marcou o encerramento da 15ª edição da COTEQ. Cláudio Makarovsky, head de O&G da Siemens e presidente da ABESPetro, debateu sobre as ferramentas da indústria 4.0 na integridade de ativos, como a tecnologia pode ser usada em favor da indústria e a necessidade de nivelar e atualizar os profissionais em relação aos novos modelos de negócios e as inovações.
“Não adianta ter esse avanço tecnológico se não há uma transição, se o profissional não está no mesmo nível. Ou a gente se movimenta ou simplesmente está fora do jogo. Os jovens de hoje nasceram na era da digitalização, a seleção natural está acontecendo, então temos que nivelar todos os profissionais do setor, absorver todas as informações oferecidas e aprender a usar a tecnologia a nosso favor”, disse Makarovsky.
O encerramento da COTEQ 2019 ficou a cargo de Odilon Horta, gerente de certificação do IBP, que agradeceu aos parceiros e patrocinadores e destacou o balanço positivo da 15ª edição. “A palavra de ordem é colaboração. Precisamos conversar com os pares, trocar conhecimento, conteúdo, construir algo diferente, inovador e que nos conecte com o mundo e com o outro”, finalizou.
Arena de Tecnologia de Equipamentos
O espaço voltado para apresentações, troca de novidades, conhecimentos e demonstrações das mais novas tecnologias e inovações trazidas pelos expositores e convidados externos foi a grande novidade desta edição da COTEQ.
A Arena da COTEQ serviu de palco para exibição de drones, bem como um ambiente para o pitch de startups com jovens trazendo as novidades na área de inovação em sistemas e softwares voltados para área de integridade de ativos, que é a temática principal do evento.
A 15ª Coteq 2019, ao longo dos seus quatro dias, apresentou uma programação com quatro sessões plenárias, 21 sessões especiais, 102 trabalhos técnicos, quatro minicursos e 28 expositores.
O evento foi patrocinado pela Petrobras, Eletronuclear e PetroRio.