Apenas os fósseis de baixo custo e emissões vão resistir à transição energética, afirmaram as especialistas
De olho na exigência por um petróleo de baixo custo e menor emissão de carbono, a cadeia de óleo e gás já define metas e desenvolve tecnologias alinhadas ao novo cenário. Na quarta e última edição do evento Diálogos da Rio Oil & Gas, na última quinta-feira (28/7), executivas do setor ressaltaram a prioridade dada pelas empresas para se adequarem a essa realidade. Esse esforço vale tanto para as produtoras de petróleo como para suas fornecedoras e parceiras. O tema do encontro, promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), foi a descarbonização das operações de óleo e gás.
“Cada salto de produção de petróleo e gás foi possibilitado por uma inovação tecnológica. Agora, a descarbonização vai acontecer pelas mesmas vias. A Agência Internacional de Energia diz que metade da tecnologia necessária para reduzir as emissões ainda não foi descoberta ou não é economicamente viável. O processo será lento, e o setor energético tem muito a contribuir para torná-lo factível”, ressaltou Fernanda Delgado, diretora executiva corporativa do IBP, e mediadora do evento, ao lado de Felipe Maciel, diretor executivo da agência de notícias Epbr.
A Petrobras, maior produtora de petróleo do Brasil, prioriza a captura de carbono na produção na região do pré-sal desde o seu início, segundo Mayza Pimenta Goulart, gerente executiva do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), entrevistada no Diálogos da Rio Oil & Gas. Um exemplo disso é a sua iniciativa de injetar carbono de volta nos reservatórios para reduzir as emissões e, ao mesmo tempo, melhorar a eficiência da operação. A executiva ressalta que essa ação só é possível porque a companhia investe pesadamente em tecnologia.
“O plano estratégico da Petrobras deixa bem claro o aporte da companhia em tecnologia de descarbonização e também em captura de carbono e renováveis. O Cenpes disponibiliza uma série de soluções para isso. A Petrobras está entre as empresas que produzem petróleo e gás com os menores índices de emissão. O mercado só vai ter espaço para quem tiver bom preço e baixo carbono e estamos preparados para isso”, afirmou Goulart.
Também presente ao evento, Maria Peralta, vice-presidente executiva de Subsea na Aker Solutions, fornecedora para o segmento produtor, avalia que algumas soluções tecnológicas para reduzir as emissões da matriz energética já estão disponíveis. Outras, no entanto, estão sendo desenvolvidas e, em alguns casos, em fase de planejamento. Ela cita a geração de energia eólica offshore, associada à produção de petróleo, como um exemplo de competência proveniente do atual modelo de mercado, no qual há o predomínio das fontes fósseis.
“Nada acontece do dia para a noite. As empresas têm que investir para colher frutos no futuro. Na Aker, traçamos metas e trabalhamos nelas um dia após o outro. É um esforço de uma equipe de 14 mil funcionários na empresa como um todo”, disse Peralta.
É consenso entre as participantes dessa edição do ‘Diálogos da Rio Oil & Gas’ que o petróleo continuará tendo papel relevante na matriz energética mundial por muitos anos, embora a expectativa seja de retração da demanda, por conta do avanço das fontes renováveis, e de que a parcela fóssil resiliente à mudança de cenário seja a de baixo custo e de menores volumes de emissão de carbono.
“Quando formos interpelados pelos consumidores sobre nossos preços e volumes de emissões, o óleo brasileiro, certamente, não vai ser deslocado no mercado internacional e isso é uma vantagem”, ressaltou Delgado.
Assista aqui à transmissão completa.