Após dois anos de crise, o setor de petróleo e gás vislumbra um ambiente mais favorável aos negócios em 2017. Para se ter uma ideia, só os investimentos em upstream devem aumentar 7% no mundo, em comparação com o ano passado. Os sinais chaves para a recuperação da indústria são o equilíbrio de oferta e demanda do petróleo, a disciplina de custo e capital por parte das empresas e o aumento das exportações de GNL nos EUA. Isso é o que diz o vice-presidente da Deloitte, John England, que participou, na última quarta-feira, de um evento para executivos e associados do IBP, na sede do Instituto.
England conta que a queda do preço do petróleo no ano passado gerou um prejuízo de US$ 1,4 trilhão para a indústria. Os investimentos em upstream caíram 27% em comparação a 2015 e US$ 170 bilhões em projetos foram cancelados. Isso resultou na demissão de 350 mil pessoas em todo o mundo. “A queda do preço do barril teve um impacto global muito grande e foi algo que nunca tinha acontecido antes. Foi maior do que qualquer episódio na história da indústria mundial”.
Segundo England, ainda não se sabe quais serão os impactos da baixa dos preços em longo prazo, mas a indústria aprendeu a lidar com o atual patamar. “Hoje, já há um otimismo no mercado”, avaliou.
O vice-presidente da Deloitte classificou ainda como positivas as mudanças favoráveis ao setor que estão acontecendo no Brasil e no mundo e apontou algumas tendências para o mercado este ano, como o crescimento do Gás nos EUA e uma maior possibilidade de fusão entre as empresas. “No momento, percebemos também reais mudanças de produtividade e avanços de tecnologia na indústria”, concluiu.
O presidente do IBP, Jorge Camargo, confirma o sentimento de otimismo do setor. “Concordo que a indústria no Brasil está emergindo de forma positiva depois da crise. Uma nova indústria está surgindo e o Brasil está em transição”, disse.
Segundo ele, entre os fatores que favorecem a retomada da indústria estão as novas políticas anunciadas pelo governo e o remodelamento da atuação da Petrobras no mercado. “O governo sabe que um novo modelo é a solução para a indústria. Mudanças no marco regulatório são essenciais para atrair investimentos privados. O Brasil precisa ser mais competitivo”, afirmou.