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Setor de óleo e gás demandará investimentos de US$ 17,4 trilhões até 2050

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) lançou a edição do World Oil Outlook 2024 pela primeira vez fora de sua sede (Viena, Áustria), em painel especial na tarde desta terça-feira (24), durante a ROG.e, no Rio de Janeiro. De acordo com o estudo, o consumo de energia primária aumentará 24% até 2050, impulsionado pelas regiões em desenvolvimento.

Neste cenário, só o setor de óleo e gás vai precisar de investimentos de US$ 17,4 trilhões até 2050 para atender à demanda por óleo, gás e outras energias. “Nosso outlook pretende lançar luz sobre essa questão para atender o crescimento do consumo de energia. O mundo precisará de todas as energias. Temos de investir adequadamente hoje, amanhã e em muitas décadas no futuro para observar o que cada fonte de energia pode oferecer”, afirmou o secretário-geral da OPEP, Haitham Al-Ghais.

O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, ressaltou o momento histórico do lançamento do outlook em um dos maiores eventos globais de energia, a ROG.e, e a importância do estudo para o setor, uma referência para o mercado de energia. Na ocasião, o IBP e a OPEP assinaram um termo de cooperação para troca de informações, banco de dados e estudos, entre as entidades. “O objetivo é desenvolver estudos, trocar informações, realizar treinamentos na sede da OPEP, e abrir fontes de dados entre as organizações”.

Geopolítica no mundo da energia
Em outra agenda do evento, como mediador do painel Geopolítica de Energia, o presidente do IBP disse que os eventos geopolíticos afetam nosso dia a dia, a viabilidade de projetos a longo prazo. “Quem faz análise de risco precisa de ferramentas adequadas. Essa discussão é fundamental”.

Já Graham G. Henley, CEO da IOGP, associação internacional de produtores de petróleo e gás, mostrou como a instituição busca auxiliar na estabilização do mercado de gás no contexto geopolítico. “Neste ano publicamos mais de 100 documentos técnicos que ajudam a mostrar a interconectividade do mercado de oferta de energético com a geopolítica.

Carlos Pascual, presidente da S&P Global, trouxe aspectos geopolíticos que afetam diretamente o mercado de energia. “Além dos conflitos tradicionais, temos um movimento de guerras comerciais, tarifárias. Essa é uma realidade que temos de lidar. Esse cenário de ordem global fragmentada tira a confiança em investimentos em infraestrutura a longo prazo, por exemplo”.

Já Thiago Barral, secretário nacional de transição energética do MME, reforçou a posição do país de se projetar na liderança climática e da transição energética. “O Brasil tem toda credencial para isso, com avanço energia eólica, solar, o peso da bioenergia na nossa matriz energética. Outro fator que ajuda é o Brasil ser um grande produtor de petróleo no mercado global”, afirmou, destacando que a combinação de protagonismo na transição energética e na produção de óleo é uma oportunidade para o país se posicionar e enfrentar incertezas do mercado global”.

Mercado irregular preocupa setor de lubrificantes
Alexandre Bassaneze, presidente da ICONIC, indicou em painel no segundo dia ROG.e, que 10% do mercado global de lubrificantes está fora da especificação. “Quando é utilizado na máquina ou veículos, pode danificar o ativo. Trabalhar na irregularidade promove elevados ganhos. Uma carreta pode até ter R$ 500 mil com lubrificantes sintéticos e semissintéticos e cada vez mais observamos roubos de caminhões com estes produtos”.

Já Carlo Faccio, diretor do Instituto Combustível Legal (ICL), analisou que as perdas tributárias do setor de lubrificantes alcançam R$ 1 bilhão e são mais R$ 400 milhões de prejuízos operacionais por ano. O ICL está trabalhando com as autoridades e o setor privado para buscar as melhores práticas e punir grupos que promovem atos ilícitos no setor.

Júlio Cesar Nishida, Superintendente da ANP, diz que mais de 20 mil ações de fiscalização são realizadas por ano. Segundo Nishida, foram apreendidos de janeiro até agosto de 2024 cerca de 191 mil litros de lubrificantes. “Em muitos casos, há um problema grave com rotulagem falsa, adulteração da validade e origem da compra, o que proporciona a chegada de lubrificantes de baixa qualidade para os consumidores”, avalia.

Mercado de hidrogênio verde
O vice-presidente executivo de comercialização e soluções em energia da Eletrobras, Ítalo Freitas, afirmou durante debate na ROG.e, que o Brasil tem toda a condição de se posicionar para ajudar a descarbonizar a economia global. Segundo o executivo, o mundo está de olho na matriz elétrica brasileira, que dará ao país condições singulares para a produção de hidrogênio verde.

Nesse cenário de transição, a Eletrobras tem o grande valor de ser “um dos maiores geradores hidráulicos do mundo”, diz Ítalo. A Eletrobras tem hoje 43 GW de capacidade instalada, dos quais 98% são oriundos de fonte renovável com capacidade de produção 24 horas, graças à grande presença da geração hidrelétrica no portfólio da empresa. Para o executivo, o grande potencial do Brasil para produção do combustível permitirá que o país exporte hidrogênio verde ou traga cadeias de produção de outras regiões.

Young Summit
Na agenda do Young Summit, evento paralelo da ROG.e, destaque para dois painéis com foco no papel dos jovens no mercado profissional. No painel ‘O papel do jovem profissional como motor de transformação cultural e organizacional’, Karen Couto, gerente setorial de Suporte à Gestão da Comunicação da Petrobras, enalteceu a importância dos jovens buscarem aliados que possam defender suas ideias e ajudar a moldá-las para o ambiente organizacional.

Marcus Vinícius Mariath, da YPP, apontou duas barreiras comuns: a desconfiança em relação à qualidade das ideias provenientes de jovens e as dificuldades de liderança, principalmente quando se trata de liderar pessoas da mesma idade ou mais velhas. Karoline Rodrigues, da Halliburton, acrescentou que os KPIs devem ser analisados com uma abordagem humana, pois são reflexo de comportamentos das pessoas. Para ela, líderes precisam ter humildade para aprender com os jovens e reconhecer o potencial de cada indivíduo.

No painel “Ainda há espaço para jovens talentos na indústria de óleo & gás?”, o gerente de Recrutamento e Seleção da Petrobras, Danilo Garbazza, disse que a empresa tem o objetivo de atrair cada vez mais jovens, mulheres, pessoas com deficiência e negros. “Por isso, ampliamos nossa participação em contatos com universidades e feiras de empregos”, disse.

A gerente de Pessoas e Performance da PRIO, Élida Gurgel, lembrou da importância da sintonia entre os valores da instituição e do colaborador.

Energia e mobilidade social
No fim do dia, no Congresso da ROG.e, o apresentador e fundador do Instituto Criar, Luciano Huck, destacou a capacidade de transformação e de inovação do setor privado, incluindo a indústria de óleo, gás e outras energias. “O sucesso é inimigo da inovação. Essa indústria vai se transformar porque esta é uma necessidade de todos nós”, afirmou.

Huck valorizou a iniciativa privada de mãos dadas com o terceiro setor, mas alertou que o que realmente muda o ‘ponteiro da desigualdade’ é o governo. “Por isso, precisamos de novas lideranças, que de fato gerem transformações para as pessoas, independentemente de onde elas nasceram”, afirmou.

Também participaram do painel o presidente da Shell, Cristiano Pinto da Costa; a country manager da Petronas, Suhana Sudik; e a diretora executiva de Assuntos Corporativos da Petrobras, Clarice Coppetti. A head de Impacto Social da Galp Brasil, Cristiane Coelho, moderou a discussão.

Sobre a ROG.e
A ROG.e é um dos maiores eventos do segmento de energia no mundo. Organizado pelo IBP, deverá receber mais de 70 mil visitantes de 65 países diferentes como lideranças do setor, autoridades, investidores, acadêmicos, entre outros públicos. Serão 8 armazéns ocupados com mais de 550 expositores, 7 eventos paralelos e o Congresso.

A ROG.e 2024 conta com patrocínio da Petrobras, Shell, TotalEnergies, Equinor, Galp, Origem, Brava, Petronas, Prio, bp, Chevron, ExxonMobil, Modec, Repsol Sinopec Brasil, SBM Offshore, Acelen, Eletrobras, Excelerate Energy, Ipiranga, Pan American Energy, Vibra, Dell, Nvidia, Naturgy, TechnipFMC, TBG, Trident Energy, ABB, Construtora Elevação, Compass, Foresea, Huawei, Karoon Energy, OceanPact, Perbras, Subsea7, TAG, Transpetro, Vallourec, Renave, além da participação do Governo Federal.