Nova regra para cláusula de pesquisa e inovação foi aprovada na tarde desta quinta-feira pela diretoria da ANP e anunciada por superintendente da agência no último painel da O&G TechWeek 2019
A diretoria da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) aprovou, na tarde desta quinta-feira, a possibilidade de alocação de recursos da chamada cláusula de P&DI diretamente em startups. A informação foi dada pelo superintendente de pesquisa e desenvolvimento da agência, Alfredo Renault, no último painel da O&G TechWeek 2019, que reuniu 1100 participantes em 25 sessões e cinco atividades paralelas.
Segundo ele, a agência entendeu que, em 20 anos de utilização dos recursos previstos nos contratos de produção de petróleo e gás para investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, houve pouca inovação e, em consequência, pouco impacto na produtividade. “Isso ocorreu porque nossa universidade é muito qualificada, mas tem pouca experiência em dar um salto para inovação. Faltou empresa. A mudança de regulamento que está em curso visa que tenha melhores resultados na inovação”, disse.
Além do investimento em startups, Renault destacou duas outras mudanças nas regras da cláusula de P&DI: alocação de recursos em projetos desenvolvidos por fornecedores e bolsas para graduação, mestrado e doutorado em cerca de 55 programas em áreas de interesse da indústria de petróleo e gás existentes no país.
“Queremos incentivar uma maior integração entre universidade e fornecedor, com a participação efetiva da petroleira”, completou, chamando atenção também para o risco de falta de mão de obra no setor em três ou quatro anos.
Jovens debatem inovação no setor de petróleo
Além da 34 horas de conteúdo das sessões principais da O&G TechWeek 2019, nas quais participaram 91 palestrantes, o IBP também realizou a Rodada Jovem. O evento, na Fábrica de Startups, no dia 28, fez parte da programação paralela e reuniu profissionais de até 35 anos para abordar como as empresas estão usando a inovação para otimizar seus projetos.
Segundo Flávia Pacheco, integrante do Projeto Libra Digital da Petrobras, as pessoas são um dos aspectos fundamentais da implementação de novas tecnologias. “Se vocês me perguntarem o que é importante para a transformação digital, eu posso dizer que pessoas, treinamento, acesso a dados e integração dos dados são primordiais. Sem isso, a gente não consegue viabilizar nenhuma tecnologia”, ela avaliou.
Para Leandro Lima, gerente de engenharia da Subsea 7, além da dificuldade para enxergar valor imediato nas inovações, o gap de talentos e a falta de um ecossistema de colaboração e de uma regulamentação clara, uma das barreiras mais presentes para a inovação é o conservadorismo.
“A notoriedade levou a gente a um ambiente de conservadorismo extremo de mindset e que, hoje, é uma das barreiras para que a gente consiga passar para o ambiente de inovação. Aceitar a inovação, aceitar o ambiente em que eu não tenho certeza absoluta se a minha solução vai dar certo”, ele disse.
Já Hector Gusmão, CEO da Fábrica de Startups, destacou que, apesar de as áreas de O&G e construção serem as que menos inovam, por questões de segurança, o cenário tem mudado, e as startups têm um papel importante no cenário de fomento à inovação.
“Não é somente olhar startups de óleo e gás, é olhar também outras startups de outras áreas que tragam resultado para a companhia para que esse processo seja muito menos de fricção e mais resolutivo”, ele explicou.
Inteligência artificial é a tecnologia mais promissora para o setor
A inteligência artificial será a tecnologia que mais impactará o setor de petróleo e gás até 2030. Foi a escolhida pelos participantes da O&G TechWeek entre 16 tecnologias elencadas pela organização: internet das coisas, big data analytics, computação em nuvem, robótica industrial, RPA (automação inteligente); smart transportation; drones industriais; manufatura aditiva; nanotecnologia; realidade virtual; wearables industriais; computação quântica; blockchain; cibersegurança; além da inteligência artificial.
Para Sergei Beserra, diretor da Gartner que participou do debate, o setor de O&G é essencialmente uma “indústria de dados”. “Todas as tecnologias que lidam com dados serão alavancadas”, previu, complementando que “inteligência artificial pode ajudar muito mais em simulação de cenários, porém menos do que na realidade instrumental”.
Já o gerente de transformação digital da Petrobras, Augusto Borella, destacou como promissoras outras tecnologias que acabaram eliminadas no decorrer da disputa. Os dispositivos usáveis, para o executivo, serão essenciais num futuro próximo. “Segurança deve ficar em primeiro lugar, por isso precisamos de wearables agora”, afirmou, destacando o principal ganho que essa tecnologia disponibiliza a indústria. Outra ferramenta que ganhou sua preferência foi a computação em nuvem. “Cloud é o cinto do Batman”, brincou, explicando que quase todas as outras tecnologias dependem da nuvem para serem utilizadas.
Empresas apresentam de realidade aumentada a solução de RH
Selecionadas pelo Sebrae, sete empresas apresentaram suas soluções para o setor no Startup Pitch. A Eyllo, de realidade aumentada, mostrou como sua tecnologia ajuda a força de trabalho a lidar com equipamentos cada vez mais complexos. A Intcom desenvolveu um aplicativo de comunicação entre o RH das empresas e os colaboradores embarcados. A UnderGeo criou uma plataforma na nuvem capaz de processar e interpretar dados geofísicos. A Rauditor atua automatizando processos de segurança e SMS. A Simexis utiliza robôs para fazer inspeção e manutenção das estruturas da indústria de petróleo e gás. A TerraDrone trabalha nesta mesma Seara, porém usando drones. O evento terminou com a apresentação do Ideation Petronect, uma maratona de ideação promovida pelo Lab de inovação da Petronect. Cerca de 50 participantes foram incentivados a pensar em soluções para agregar valor ao setor do ponto de vista logístico. As ideias foram coletadas e poderão se tornar serviços oferecidos pela empresa.
Solução para gestão de espaço de trabalho vence Hackathon da Petrobras
A IntegWork foi a vencedora do Hackathon realizada pela Petrobras e pela Fábrica de Startups nos quatro dias da O&G TechWeek 2019. Formado por cinco pessoas que não se conheciam, o grupo desenvolveu uma solução de gestão de espaços no ambiente de trabalho a partir das atividades informadas pelos colaboradores.
Os cinco criadores da IntegWork concorreram na final com a ReMobi, de gestão de tarefas, e com a Epack, de solução de armazenagem. As três propostas estavam em linha com os desafios propostos pela petroleira, que buscava soluções nas áreas de gestão de estoque, gestão de ativos prediais e novos ambientes de trabalho.
Para Lucas Cruz, gestor de inovação da fábrica, a terceira edição do Hackathon da Petrobras na O&G TechWeek mostrou um amadurecimento dos participantes. “O Hackathon está mais conhecida, atrai um número maior de pessoas e assim conseguimos selecionar um grupo mais preparado”, disse.
A O&G Techweek 2019 terminou nesta quinta-feira (30), no AQWA Corporate, na região portuária do Rio de Janeiro com palestras, rodadas tecnológicas, hackathons e sessões de ideação.
A TechWeek é patrocinada pela Petrobras, Tishman Speyer, Fábrica de Startups, Repsol Sinopec, Siemens, Aker Solutions, Aveva, Deloitte, Hexagon, KPMG, Pepperl+Fuchs, Petronet, PwC e Innovaphone.
Veja a programação completa do evento em http://www.ogtechweek.com.br