Com extensa programação, a edição marca um momento promissor do setor
Após três dias de debates, exposições e intensa troca de experiências, a Rio Pipeline 2019 termina deixando a certeza entre atores do setor que a edição ficará marcada pelo otimismo e expectativas que predominaram durante toda a programação.
Os números do evento também impressionaram. Foram ao todo 50 expositores, 18 patrocinadores, 1400 congressistas, 3800 visitantes, entre eles 240 visitantes internacionais de 22 países. A diversidade de temas abordados também foi um diferencial desta edição e pode ser ilustrada pelos números de trabalhos apresentados: foram 110 palestrantes, 270 trabalhos técnicos oriundos de 14 países.
Segundo o gerente sênior de eventos do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Victor Montenegro, a Rio Pipeline é um bom exemplo de como uma comunidade engajada, como a de dutos, tem a força de mobilizar as pessoas e o evento é uma ferramenta importante para promover esse encontro e gerar negócios. “O IBP tem uma capacidade enorme de gerar conhecimento de alta qualidade e aproximar as pessoas da indústria. Uma comunidade representativa, como a comissão de dutos, é um dos fatores de sucesso para o evento”, disse.
A Rio Pipeline trouxe ainda dois estudos, realizados pelo IBP e pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), promissores para o setor, indicando a necessidade de investimentos de cerca de R$ 88 bilhões em logística e produção de combustível, com destaque para etanol e biodiesel; e de R$ 17 bilhões para construção e ampliação da malha de gasodutos com objetivo de interligar polos de oferta de gás à malha já existente.
A Rio Pipeline 2019 foi marcada por uma extensa programação, com sessões de apresentação de trabalhos técnicos, workshops, fóruns, arenas e almoços-palestras. Em cada sessão foram apresentados os desafios e tendências das diferentes áreas.
Na Arena de Startups, foi debatida a necessidade de se criar um ambiente de negócios que facilite investimentos em tecnologia, juntamente com a mudança de mindset das grandes empresas. De acordo com especialistas que participaram das sessões, essa mudança de postura é fundamental para o desenvolvimento de novos negócios, para debater o ecossistema de inovação no setor de petróleo e gás.
Para José Alberto Sampaio Aranha, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), o tema inovação é recente no Brasil, estamos aprendendo e começando a legislar agora. “Um ambiente macroeconômico facilita a realização de negócios”, disse o professor.
Uma das principais iniciativas é o Marco Regulatório das Startups, programa conjunto dos Ministérios de Ciência, Tecnologia e Inovação e da Economia, que tem o objetivo de identificar melhorias no ambiente de negócios, facilitar o investimento em startups, além de tratar de aspectos ligados a relações de trabalho e compras públicas.
“O marco caminha para a desburocratização, reunindo as melhores práticas de mercado e criando um ambiente que facilite a entrada de capital”, disse Júlio Azevedo, advogado e membro do Comitê de Startups da OAB – RJ.
Já Guilherme Rodrigues, da Rio Analytics, apontou alguns dos principais desafios para a implementação de novas tecnologias no setor de petróleo e gás. “A quantidade de dados, a falta de integração entre sistemas e as barreiras do próprio time de TI, atrapalham a incorporação de inteligência artificial e outras tecnologias”, explicou.
Entretanto, a mudança de mindset das grandes empresas para entender as startups e como elas podem agregar valor para a corporação é o diferencial, na opinião de Marcelo Andreotti, gerente de programação subsea da Repsol Sinopec, e que “as startups são um apoio para resolver problemas e desafios de forma colaborativa” para o gerente de suprimentos da Subsea 7, Elerson Nogueira.
Na Arena de Integridade, as pessoas foram o foco dos debates. “Normalmente, a gente fala muito de equipamentos. Aqui, a gente vai falar de equipamentos de forma diferente. Vamos falar das pessoas que cuidam desses equipamentos”, explicou Roberto Odilon Horta, Gerente de Certificação do IBP.
Um dos destaques da agenda foi a apresentação do Portal Nacional da Inspeção (PNDI Brasil), plataforma criada para impulsionar a empregabilidade de inspetores certificados pela FBTS, Abendi, Abraco, Abraman, engenheiros especialistas, inspetores de equipamentos, supervisores e encarregados de soldagem. Segundo o idealizador do projeto, Vitor Caldas, examinador do Centro de Qualificação e gestor de P&D da FBTS, a iniciativa não se restringe ao setor de O&G.
“A intenção é disseminar o conhecimento desses profissionais para todo o segmento do mercado”, defendeu Caldas. No momento de possibilidades de expansão da malha dutoviária do país, Ednilton Alves, gerente de qualificação e certificação da Abraco, apresentou os critérios necessários para a certificação de profissionais de proteção catódica em dutos terrestres.
A programação também contou com Antonio Luiz Aulicino, gerente executivo de desenvolvimento de negócios da Abendi, para abordar a certificação de pessoas como fator de qualidade e redução de riscos em empreendimentos industriais, enquanto Ernesto Roberto Pinto de Oliveira, diretor operacional da , tratou do momento de qualificação e certificação na área de manutenção no Brasil.
Ao final, três participantes concorreram a duas bolsas integrais para Auditor da FBTS e a uma gratuidade no curso de Norma Regulamentadora de Caldeiras, Vasos de Pressão, Tubulações e Tanques de Armazenamento (NR 13) da Universidade do Setor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (UnIBP).
O Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) foi o vencedor do Global Pipeline Award (GPA), premiação oferecida desde 2005 pela Pipeline Systems Solutions da ASME para incentivar inovações tecnológicas e as importantes contribuições dos diversos agentes da indústria dutoviária. O conjunto de trabalhos desenvolvidos pelo laboratório da Coppe/UFRJ concorreu com projetos de outras quatro empresas – Emerson, Halliburton, IPT e Rosen. Participaram da cerimônia Danny Aronson, Chair da Pipeline Systems Division Brasil da ASME, Marcelino Guedes, gerente executivo de proteção de dutos da Petrobras Transporte, e Wong Loon, CEO da NTS e chair do comitê organizador
da Rio Pipeline.
O último dia do congresso também foi marcado pela entrega do Calgary Award, dado à melhor contribuição técnica da Rio Pipeline. O ganhador foi o trabalho “In-line inspection tool for clad pipeline integrity evaluation”, de autoria de Rafael Wagner Florêncio dos Santos, da Petrobras, Cesar Giron Camerini, da Coppe/UFRJ, Lucas Campos Braga, do LNDC/Coppe/UFRJ, Daniel Mendes, da Nowy Tecnologia, João Marcos Alcoforado Rebello, do LNDC/Coppe/UFRJ, e Gabriela Ribeiro Pereira, da Coppe/ UFRJ.
Como parte da premiação, os autores irão apresentar o trabalho na edição 2020 da International Pipeline Conference (IPC), no Canadá.
Entre as novidades na feira, a britânica OptaSense trouxe sua solução que permite maior precisão, em menor tempo, na detecção de intrusão e vazamento em pipelines.
Já a Halliburton apresentou o InnerVue, lançado na OTC Houston. Focada na área de inspeção e predição, a tecnologia não-intrusiva atua na identificação de bloqueios parciais e totais, incrustações e roubos em linhas terrestres, sem a necessidade de interromper a produção.
A Rio Pipeline 2019 é organizada pelo IBP, com patrocínio da Petrobras, Transpetro, Rosen, Aveva, Comgás, Engie, Intero, NTS, Prumo Logística, TBG, TechnipFMC, Tenaris, Trapil, Emerson, Plural + Combustível Legal, Worley, OptaSense e Signaltape.
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