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Quatro painéis ampliaram as discussões neste segundo dia, onde o mercado de startups e a precificação do carbono tiveram destaque

Empreendedorismo, soft skills, pluralidade e descarbonização foram os principais assuntos do segundo dia do Young Summit Rio Oil & Gas. O evento, que é realizado pela primeira vez pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), quer fomentar discussões com estudantes e jovens profissionais do setor de óleo e gás.

Na abertura, Thaise Temoteo, analista de Comissões e Gestão do Conhecimento do IBP, deu continuidade na apresentação da mesa de debates, junto com Patrícia Grabowsky, gerente de inovação na Ocyan, e Victor Alves, coordenador de treinamento na TechnipFMC. Thaise ressaltou o contexto das discussões a serem feitas por time de especialistas. “A indústria energética precisa de profissionais sintonizados com o momento de transição para que haja capital humano combinado com tecnologia”, afirmou.

Diversidade regional em pauta

O primeiro painel do dia destacou a diversidade regional e o impacto da adoção do trabalho remoto na seleção de pessoas de fora do Sudeste. A mediadora Lia Medeiros, Diretora de Comunicação, Sustentabilidade e Pessoas da TN Petróleo, conversou com jovens das regiões Norte, Nordeste e Sul do país. Eles relataram suas experiências profissionais diante de questões regionais e do trabalho remoto.

Para Brenda Araújo, advogada do escritório Demarest, os deslocamentos acontecem e isso é muito bom. “O Brasil ainda tem empregos concentrados nos grandes centros, principalmente na área de petróleo. Isso tá mudando gradualmente porque o recurso natural tá espalhado e as pessoas estão se dando conta disso. Eu me mudei porque eu quis, não fui forçada pelo contexto. Mas, forçado ou não, essas mudanças acontecerem e é maravilhoso com pessoas jovens. Temos capacidade de mudança, temos energia.” relatou Brenda.

Empreendendo na Indústria de O&G

A demanda por startups na indústria foi discutida na palestra ‘Empreendendo na Indústria de O&G’. Para os palestrantes é inegável que o setor petrolífero tenha relevância na economia, por isso a indústria deve estar aberta ao empreendedorismo também por parte dos jovens.

Glaucia Guarcello, Innovation & Venture Lead Partner da Deloitte, comentou que não é fácil criar um novo paradigma no trabalho, em especial devido à aversão ao risco. No setor de óleo e gás, há muitas carreiras que envolvem uma trajetória sólida, de longo prazo, como engenharia. “Existe uma necessidade de oxigenação do mercado. Essa deveria ser uma tarefa para os jovens”, argumentou Gláucia.

Pilares

Como a aversão ao risco é um fator importante para o empreendimento, Luiz Mandarino, Board Member da plataforma de negócios da MIT Reap, citou três pilares com aspectos essenciais para se ter sucesso ao abrir e conduzir uma startup, baseado em soft skills: ter consciência comercial; comunicação e fluência verbal; e trabalho em equipe.

O conceito de open innovation, que conjuga o trabalho com colaboradores internos e externos, vem crescendo é destacado por Mirella Lisboa, Head de Corporates & Inovação Aberta do Cubo Itaú. Em 2015, eram 40 empresas no país com contratos baseados no open innovation. Em 2020, já eram 300. Hector Gusmão, CEO da Fábrica de Startups, acrescentou que o setor de energia reúne apenas de 200 a 300 start-ups, o que corresponde a 3% do total da indústria. Em contrapartida, disse Mirella, a experiência na Cubo mostrou que as start-ups que trabalham com open innovation têm 80% mais investidores que os demais.

Soft skills: as habilidades que vão além das competências técnicas

O painel “Você tem os Soft Skills que a indústria precisa?” desvendou, de uma maneira prática e divertida com o uso de cases, o que são as habilidades emocionais. Um tema ainda pouco debatido em eventos da indústria. Na mesa de debates, o assunto foi aprofundado em um bate-papo que envolveu a participação da plateia e de convidados especiais, como o André Alves, gerente de Operações da Empodera.

Para André, soft e hards skills caminham juntas, mas o foco do mercado deveria ser nas competências emocionais. “A melhor forma de você avaliar um candidato, na minha visão, é pelas soft skills. Em um bate-papo, você consegue tirar momentos do comportamento e de situações que poderão ser utilizadas no futuro. Se você visualiza isso, consegue fazer com que aquela pessoa se aprimore. As hard skills, você consegue desenvolver dentro de casa”, defendeu.

Protagonismo da indústria na transição energética

A necessidade de ações visando a descarbonização das atividades da indústria de petróleo e gás dominou as apresentações do painel “Protagonismo da Indústria na Transição Energética e Descarbonização”.

A moderadora Raquel Filgueiras, economista sênior do IBP, lembrou que o Acordo de Paris, de 2015, já refletia o desejo da sociedade pela redução das emissões de gases de efeito estufa. Raquel citou alguns números que mostram a importância do setor e sua relação com o meio ambiente. Segundo relatório da IEA (Agência Internacional de Energia), esta é uma década decisiva para inverter a tendência de emissões.

No Brasil, o setor energético respondeu por 19% das emissões de gases de efeito estufa, em 2019. A indústria de óleo e gás é responsável por 45% da oferta de energia. Por isso, é importante garantir a segurança energética em paralelo à descarbonização. “O setor de óleo e gás assume um papel relevante no contexto da transição energética, com segurança no abastecimento e sua grande capacidade de investimento e inovação”, argumentou Raquel.

Da plateia para a mesa redonda, Thiago Ferreira, CEO da LigPetro, comentou os estágios em que os países estão no tema descarbonização. “A transição energética é um marco necessário para o planeta. Mas, de um lado, o processo de descarbonização está muito presente em países desenvolvidos, que se destacam no setor de transição, como a França e a Dinamarca, por exemplo. Por outro lado, países subdesenvolvidos ainda estão no início de exploração de seus recursos naturais em seus territórios. Será que impor uma transição energética seria uma solução ou temos que fazer uma análise comparativa em relação aos outros países?”, questionou Tiago.

Um evento realizado com novos formatos

O Young Summit Rio Oil & Gas é um evento que está explorando novos formatos. Enquanto a mesa de debates tem participantes e plateia presencialmente, a transmissão on-line e a interatividade em tempo real aumentam a conexão com o público que está distante.

As mesas redondas têm a participação de diferentes especialistas do mercado e há também a disponibilização de um intérprete de libras para dar mais acessibilidade para quem precisa. É importante lembrar que todas as sessões estão disponíveis no On demand do hub do IBP.

O Young Summit ocorre até o dia 2 de dezembro e pode ser acompanhado gratuitamente na plataforma da Rio Oil & Gas. O evento é patrocinado por Petrobras, TotalEnergies, NTS, Prumo e TechnipFMC, além de contar com a participação do Governo Federal.