Conscientizar sobre vieses inconscientes ajudam a avançar em inclusão; alta liderança deve colocar o ESG como estratégia de negócio
O diretor de Renováveis e Transição Energética da Petrobras, Maurício Tolmasquim, avalia que a indústria de petróleo e gás, que vive uma fase de diversificação para investimentos em renováveis, terá espaço na transição energética, sobretudo no caso brasileiro por extrair petróleo com menor teor de CO² e reinjetar esse gás nos campos produtores. A afirmação foi feita durante o último dia do ESG Energy Forum, que, em sua primeira edição, reuniu 756 pessoas, sendo 53% de mulheres, nos três dias de evento.
“Em todos os cenários, a Petrobras e o Brasil ainda estarão entre os mais relevantes produtores de petróleo e gás. Por isso, investimentos em tecnologias CCUS e já correspondemos a um quarto de todo o CO² reinjetado no mundo”, disse Tolmasquim.
Ainda assim, o executivo defendeu investimentos das companhias de óleo e gás em energias renováveis. Segundo o diretor da Petrobras, são cinco razões para tal: forte adesão dos países às metas de descarbonização, redução da demanda por petróleo, menor custo de implantação de projetos de fontes como solar e eólica e queda das vendas de veículos à combustão – que usam derivados de petróleo.
“Vamos ter muito provavelmente uma queda da demanda por petróleo até 2050 numa faixa de cerca 40% em um cenário provável de atendimento às metas de redução de emissões por parte dos países.”
HOMENAGENS
Ao final da fala de Tolmasquim, Fernanda Delgado, diretora-executiva corporativa do IBP, conduziu uma homenagem do instituto ao diretor e acadêmico. “Em uma trajetória rumo a um mundo mais sustentável, são profissionais que fazem a diferença e que são protagonistas dessa mudança, em especial os que formam outros profissionais, como o Tolmasquim.”
INCLUSÃO
Ampliar a diversidade e inclusão nas empresas é uma questão essencial para o setor de energia e foi debatido no painel “Vieses inconscientes e barreiras de equidade de gênero”.
O gerente de Sustentabilidade do IBP, Carlos Victal, ressaltou que o viés inconsciente é uma barreira à diversidade e à inclusão, que pode impedir a evolução nesses temas.
Já Isabela Salgado de Oliveira, gerente de Sustentabilidade da Ipiranga, mostrou como a empresa definiu sua estratégia com apoio da alta liderança para buscar romper essas barreiras. “Criamos o comitê de diversidade com três vice-presidentes e desenvolvemos ações de capacitação, treinamento e ações afirmativas. Estamos numa jornada. Precisamos tratar os vieses inconscientes.”
Para Margareth Goldemberg, CEO na Goldenberg Diversidade e Gestora Executiva Movimento Mulher 360, todos devem fazer parte da discussão. “Precisamos trazer os líderes os homens a conversa, ao diálogo e à reflexão.”
LIDERANÇA
Em um painel exclusivamente composto por mulheres com o tema “A importância da integração do ambiental, social e da governança para o desenvolvimento do Brasil”, Monique Gonçalves, Gerente Sênior de Política e Defesa Regulatória da Shell Brasil, destacou a importância do diálogo para “apresentar soluções para as questões complexas da agenda ESG”.
Ana Paula Grether, gerente executiva de ESG da Vibra, afirmou que o ESG já é uma estratégia de negócio que demanda engajamento dos líderes – o que ocorre na companhia. “São as altas lideranças que têm que colocar o ESG como uma estratégia de negócio para que as mudanças ocorram.”
Izabela Murici, Líder da prática de ESG da FALCONI, ressaltou que um dos maiores desafios é fazer o ESG ser parte do core business das empresas.
ESTABILIDADE TRIBUTÁRIA
A estabilidade jurídico tributária no setor de O&G como pilar para atração de investimentos foi debatida no último dia do evento do IBP. Fabio Gaspar, Gerente Tributário da Shell Brasil, ressaltou que estabilidade tributária e regulatória são indispensáveis para atração de investimento e desenvolvimento sustentável.
Sylvie D’Apote, diretora-executiva de Gás Natural do IBP, corroborou que instabilidade jurídica passa ao mercado uma sinalização equivocada e gera insegurança aos investidores.
Mozart Rodrigues, Gerente Jurídico Tributário de Downstream do IBP, citou a implementação da monofasia do ICMS nos combustíveis como um avanço no sentido da estabilidade no setor. “Tivemos uma pequena reforma tributária no segmento de combustíveis, em um momento em que a função social do tributo se torna cada vez mais relevante.”
O ESG Energy Forum é um evento do IBP com patrocínio da Petrobras, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), SBM Offshore, Shell, TotalEnergies, BlueShift Brasil, ExxonMobil, Ipiranga, PetroRecôncavo, Repsol Sinopec Brasil, Trident Energy, Naturgy, SLB, Mattos Filho Vibra, Constellation, OceanPact, Aker Solutions e Porto do Açu. Além do apoio do Governo Federal, o evento conta com a parceria de mídia da epbr, apoio de mídia da Brasil Energia, TN Petróleo e da Petro&Química, e apoio institucional da Proactiva.