Presidente do IBP, Roberto Ardenghy diz que transição tem de ser equilibrada de modo a não gerar um cenário de pobreza energética; evento acontece nesta segunda (27) e terça (28), no Rio
Na abertura do evento ESG Energia e Negócios, promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), os participantes ressaltaram que, para avançar na agenda ESG, o Brasil precisa avançar na regulação ambiental, mirar uma transição energética justa e inclusiva considerando a realidade e o estágio de desenvolvimento do país e investir em tecnologias de descarbonização. Estas últimas já são iniciativas em curso pelo setor de óleo e gás.
O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, destacou que a “transição energética tem de ser equilibrada de modo a não gerar um cenário de pobreza energética”. “É um processo que tem de ser justo e equilibrado para não excluirmos milhares de pessoas, não só no Brasil, mas em diversos países. Não basta importar soluções que servem para outros países.” O executivo ressaltou ainda as ações do setor no campo de novas tecnologias em descarbonização de seus processos e que a agenda ESG está incorporada nas empresas do setor.
Floriano Pessaro, diretor de Gestão Corporativa da Apex Brasil, ressaltou que a política de promoção comercial e de atração de investimentos do Brasil considera a “diversidade de fontes de energia” e estimula iniciativa de descarbonização por meio do emprego de inovação e tecnologia, com as do setor de óleo e gás – que desenvolve projetos de armazenamento e captura de carbono, por exemplo.
“Outro importante vetor é o de promover oportunidades nas regiões Norte e Nordeste em linha com a necessidade de desenvolvimento regional e as alternativas energéticas dessas localidades”. Uma das alternativas dessas regiões é a exploração das reservas de óleo e gás na Margem Equatorial.
Já a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás, Andréa Vulcanis, considera que a transição energética justa também depende de avanços na regulação ambiental a fim obter licenças mais céleres para evoluir ao desenvolvimento sustentável. “Nos últimos cinco anos, trabalhamos em conjunto com os setores produtivos e a sociedade para evoluir nas normas e, com isso, o prazo de algumas licenças caiu de 7 anos para 50 dias.”
O subsecretário-adjunto de Relações Internacionais do Estado do Rio de Janeiro, Bruno de Queiroz Costa, frisou que a cúpula do G-20 e as reuniões preparatórias para o evento dos líderes das 20 principais economia são uma oportunidade para dar destaque à agenda ESG. O Brasil, como anfitrião, escolheu temas como o combate às mudanças climáticas e à pobreza, além da reforma da governança global, como assuntos prioritários dos debates. “Assim, abre-se espaço para debater a transição energética e a necessidade de redução de emissões, aliado à inclusão social.”
Ainda na questão da pobreza energética, Raquel Coutinho, Gerente de Descarbonização do Portfólio, Cadeia de Valor e Produtos da Petrobras, disse, no painel “Futuro da produção e refino de petróleo no Brasil e o conceito de equidade da transição energética justa”, que a mudança deve “trazer, além da energia, a capacidade da sociedade acessar essa energia.”
Alexandre Szklo, professor da COPPE/UFRJ, apresentou estudo sobre o tema que mostra caminhos para redução de emissões. “O setor produtivo tem possibilidade de descarbonizar ainda mais e se transformar em um grande absorvedor de gases de efeito estufa. No estudo mostramos o potencial do Brasil em produzir bioenergia em áreas degradadas”, disse Szklo.
Ana Cupelo, líder de sustentabilidade da Equinor, destacou que a transição energética precisa ser planejada, com a necessidade de investimento em projetos de óleo e gás, focando em eficiência e na ampliação de projetos em energias renováveis. “Atuamos em pilares importantes, como redução absoluta de emissões, projetos em renováveis, além do trabalho com educação e conservação de florestas”, ressaltou.
Já Yuri Orse, diretor da Cadeia de Renováveis da Acelen Renováveis, destacou as oportunidades de descarbonização em biocombustíveis, que podem gerar empregos. “Acreditamos em soluções como diesel verde, SAF (combustível sustentável de aviação). Temos projetos com recuperação de terras degradadas com produtores familiares, que, além de gerarem energia, trazem desenvolvimento econômico e emprego. Temos 90 mil empregos diretos e indiretos gerados nesses projetos”, ressaltou o executivo.
A transição justa deve ter como ator central as pessoas, na visão de Fernanda Britto, Partner de ESG & Climate Change, da consultoria ERM. “Transição justa é colocar as pessoas no centro das decisões. O modelo que trabalhamos também atua pensando nos novos negócios e nos riscos embutidos neles. Mensurar como os riscos se materializam para a sociedade”.
O ESG Energia e Negócios segue até amanhã, terça-feira, e é patrocinado pela Petrobras, Equinor, ExxonMobil, Ipiranga, RepsolSinopec, Shell, Transpetro, Karoon Energy, Naturgy, Ocean Pact, Ocyan, SLB One Subsea, Shape e Subsea7, além de ter a participação do Governo Federal.