No segmento de gás, desafio é harmonizar legislações estaduais; E&P traz boas perspectivas para operadoras
A Petrobras estima investir US$ 2,8 bilhões em ações vinculadas a descarbonização nos próximos anos, de acordo com Daniel Pedroso, gerente-executivo de integração de negócios e participações em refino e gás natural da Petrobras.
Para o executivo, não existe uma “bala de prata para a transição energética”, mas o Brasil tem uma ampla oferta de produtos que lhe dará protagonismo nesse processo e grande potencial em biocombustíveis.
Já Bernardo Kos Winik, gerente B2B da Vibra Energia, reforçou a relevância dos combustíveis fosseis até pelo menos 2040 e a integração dessa matriz com as alternativas renováveis, inclusive a eletrificação.
Rafael Bastos da Silva, Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, defendeu a implantação de políticas estruturantes para incentivar o desenvolvimento deste mercado, citando o Renovabio. “Somos o segundo maior produtor de etanol, terceiro de biodiesel e, no biometano, estamos iniciando com cinco plantas autorizadas e esperamos ter 25 plantas em 2027.”
Ao lado dos biocombustíveis, o gás natural tem grande potencial, mas, para tal, é necessário o desenvolvimento de regulações estaduais.
O aprimoramento do arcabouço regulatório para a comercialização de gás natural nos estados alinhado às premissas de livre mercado e aumento da competitividade é condição-chave para o sucesso do setor. Para Sylvie D’Apote, diretora executiva de gás natural do IBP, as novas regulações permitirão o surgimento de um mercado mais amplo e diverso com benefícios para todos. “O aparecimento do consumidor livre fará surgir a figura do comercializador. Este comercializador pode ser tanto o produtor, quanto o importador, ou mesmo aquele que compra desses dois e revende o gás. E a própria distribuidora poderá ter atuação nesse mercado como comercializadora”, ressaltou.
Aldo Barroso Cores Junior, diretor do departamento de gás natural do MME, destacou a importância da atuação do poder público para desenhar um ambiente que promova a remoção de barreiras em toda a cadeia. “Eu gosto do termo player. Pois o Governo, ao fazer as regras, espera que os agentes participem para jogar. Essas regras precisam ser adequadas, se não ninguém joga.” afirmou Aldo Barroso.
Já para Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (ABRACE), as legislações estaduais ainda não avançaram no sentido de promover um mercado dinâmico como inicialmente previsto. “Se não avançarmos, podemos perder oportunidades e, em um contexto de transição energética, a indústria vai pular o ciclo do gás natural diretamente para a eletrificação, ou mesmo para biogás e biomassa.”
Para Regina França do Rosário, diretora técnica da Agência Reguladora de Sergipe (AGRESE), os Estados do Nordeste têm trabalhado de mãos dadas no desenvolvimento regulatório do setor de gás, e as agências estão à disposição para receber as demandas do setor.
Para Augusto Salomon, presidente executivo da Associação das Distribuidoras de Gás Canalizado (ABEGAS), para desenvolver o mercado e superar as diversas barreiras hoje existentes, o setor precisaria juntar esforços.
Liz Schwarze, vice-presidente da Chevron, destacou que o Brasil possui um clima de investimento atraente para a indústria e a infraestrutura local tem ajudado no desenvolvimento das tecnologias de exploração.
Já o vice-presidente da ExxonMobil, John Ardill, afirma que as experiências no Brasil têm ajudado no desenvolvimento dos projetos da Guiana, região em que a empresa possui ativos em desenvolvimento.
A Shell acredita no potencial brasileiro para desenvolvimento do hidrogênio verde. Como prova da confiança no país, a diretora global de Exploração e Produção da Shell, Zoe Yujnovich, destacou que a companhia firmou, neste mês, uma parceria com a USP para pesquisar a produção de hidrogênio verde a partir da cana-de-açúcar. A expectativa é concluir o estudo no ano que vem.
“O hidrogênio verde é uma oportunidade de substituição do petróleo e do gás. O desafio é torná-lo atrativo. Somente num ecossistema favorável é possível fazer apostas”, afirmou a executiva da empresa anglo-holandesa.
Para o chefe de Governança e Compliance da Petrobras, Salvador Dahan, não basta só destinar recursos para projetos de ESG, mas é preciso garantir que as ações efetivamente tenham o impacto socioambiental. “A governança é o pilar de sustentação para toda essa transformação”, concluiu.
O presidente da plataforma de investimentos BlackRock Brasil, Carlos Tahakashi, disse que a constituição de comitês específicos nos conselhos de administração é uma tendência que pode ajudar no amadurecimento das ações de ESG.
A Rio Oil & Gas 2022 segue até amanhã (29/9) e é patrocinada por Petrobras, Ambipar Response, Equinor, Shell, TotalEnergies, Vibra, Ipiranga, Raízen, BP, Bunker One, Chevron, ExxonMobil, Karoon Energy, Modec, Galp, PETRONAS, Repsol Sinopec, 3R Petroleum, Acelen, Siemens Energy, Trident Energy, Braskem, Enauta, Halliburton, McDermott, NTS, PECOM, PRIO, Salesforce, Saipem, Subsea 7, AET, Baker Hughes, DOW, Fluxys, Oracle, Perbras, Solvay, TAG, TBG, Techint, Vallourec, Wintershall Dea, Horizon-Partners, Ultracargo, Weatherford e WTW. O evento ainda tem a Apex-Brasil como parceira no espaço “O&G Partnership Lounge” e a United Airlines como companhia aérea oficial.