Caminhar sobre uma plataforma de petróleo sem sair da sala. Foi o que mostrou Alexandre Vasques, black belt em Big Data e Advanced Analytics da Microsoft, com um óculos de realidade aumentada no segundo dia da O&G TechWeek – evento brasileiro pioneiro promovido pela indústria focado em tecnologia e tendências para o futuro do setor de óleo e gás, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
No painel sobre computação cognitiva e inteligência artificial, ele andou pelo palco – que virou uma plataforma de petróleo – e o público pode acompanhar pelo telão o que Vasques via. Ele disse que a tecnologia traz muitas possibilidades para a indústria de O&G, como saber se há um vazamento de gás em uma máquina apenas pelo som dela.
Rachel Mushahwar, gerente geral do grupo de vendas industriais e marketing para Américas da Intel, afirmou que estamos vivenciando uma 4ª revolução, que é baseada em três fatores: físico, digital e biológico. Segundo Mushahwar, em 2025, 40% de todas as máquinas serão inteligentes e 50% dos trabalhos humanos serão feitos por sistemas cognitivos. “A inovação permite tomar decisões mais imediatas e melhores”, disse. “Vocês já pensaram sobre o que acontece no mercado de O&G com os carros compartilhados, por exemplo?”, questionou.
Daniel Mota, gerente de tecnologia e inovação do Senai Cimatec, e Marco Meggiolaro, consultor da Ouro Negro S.A., mostraram projetos de robótica que podem ser aplicados no setor.
“O desafio da robótica é pôr um robô a 3 mil metros de profundidade. É fundamental a integração entre diversas áreas, como algoritmos, sistemas, logística e meteorologia, entre outras. Todas juntas entregam um produto, um protótipo”, afirmou Mota.
“Uma das tendências, por exemplo, é a robotização topside, com plataformas semiautônomas com redução de pessoal embarcado e futuramente até ausência de humanos embarcados”, explicou Meggiolaro.
Quatro representantes do projeto Libra, da Petrobras, mostraram diversas tecnologias importantes para os rumos do projeto, que tem o desafio Libra 35: reduzir custos e aumentar produtividade e eficiência. De acordo com Orlando José Soares Ribeiro, gerente geral de serviços e operações especializados de Libra, quando há gaps tecnológicos, há a integração com o trabalho da área de Applied Technologies. “Em vez de desenvolver tecnologia para procurar uma aplicação, a gente identifica demandas e gaps e busca tecnologias no mercado para resolvê-los”, disse.
Para José Firmo, vice-presidente da Seadrill, a indústria de O&G é inovadora, afinal, caso contrário, o pré-sal, por exemplo, não teria sido descoberto. No entanto, as inovações sempre foram focadas em soluções especificas nas áreas de produto e sistema. “As oportunidades estão em expandir a inovação de forma lateral, focar na inovação mais paralela.”
“Estamos investindo o capital de alguém, portanto, a indústria tem que ser pragmática, tem que ter um nível de conservadorismo, mas tem que desafiar certos paradigmas na medida certa. O pré-sal e o shale oil foram descobertos assim”, afirmou Renato Bertrani, diretor-executivo da Barra Energia.
Por outro lado, Paulo Couto, vice-presidente sênior de Pesquisa & Desenvolvimento de Sistemas de Produção Submarinos (SPS) da TechnipFMC, afirma que, apesar dos potenciais oferecidos pela tecnologia, o mais importante ainda é o valor. “Sem isso, inovação é apenas moda, como acontece com alguns discursos no Vale do Silício e isso não ajuda a sociedade.”
A O&G TechWeek vai até sexta-feira (25) e é patrocinada por Petrobras, Governo Federal, Repsol Sinopec Brasil, Shell Global Solutions, Aker Solutions e Deloitte.
Paralelamente à O&G TechWeek, teve início ontem (22) o Rio Automação, evento voltado para exposição de práticas de sucesso da indústria local na área de automação e instrumentação, troca de experiências entre profissionais e expansão da rede de contatos no setor.
Para Tânia Cosentino, presidente da Schneider Electric para a América do Sul, o grande desafio da indústria de petróleo hoje é se redesenhar de forma estratégica, incorporando movimentos que vieram para ficar. “A IoT e a descarbonização da economia são movimentos irreversíveis e a indústria de óleo e gás precisa se transformar para tornar-se sustentável e manter o lucro.”
De acordo com a executiva, a transformação das companhias do setor deve estar nas mãos dos principais executivos ou as empresas ficarão para trás na revolução digital. “A inovação tem que ser incorporada à indústria de óleo e gás. Comece pequeno, com algo que possa ser escalável, um projeto piloto, e comprove o investimento em IoT”, concluiu Tânia.