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O último dia da edição 100% digital também foi marcado por sessões com foco em lideranças femininas, mudanças climáticas, descomissionamento e mercado de gás

 

O evento de encerramento da Rio Oil & Gas 2020 foi celebrado com a entrega do prêmio Leopoldo Miguez para Jorge Camargo, Conselheiro do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), e uma das principais referências de profissionais no setor. A honraria reconhece publicamente – nas últimas quatro décadas – a contribuição de personalidades que tenham atuado para transformar e desenvolver a indústria de petróleo, gás e biocombustíveis no Brasil. Camargo destacou, em seu discurso, que a transição energética será o desafio de uma geração e demandará uma cooperação internacional jamais vista.

A edição deste ano, totalmente digital, termina com mais de 300 expositores e patrocinadores, mais de 10.000 pessoas cadastradas na plataforma exclusiva do evento, mais de 30 horas de conteúdo em quatro dias de sessões e debates, além de mais de 80.000 visualizações e 7.000 mensagens trocadas, conectando pessoas de 45 países.

Cristina Pinho, diretora executiva corporativa do IBP, apresentou o novo Chair do Evento em 2021, Carlos Tadeu Fraga, que também é Chairman do Porto do Açu. “O próximo congresso irá unir o benefício do presencial com oportunidade do digital, que nos oferece alcance e a possibilidade de estar em muitos lugares. Vamos estar mais perto do coração da nossa cidade, aproximando ainda mais nossa indústria do Rio de Janeiro”, avalia.

Pinho analisou que o maior ensinamento do evento foi a resiliência da indústria nacional de petróleo e gás. “Nós mostramos que somos capazes de nos transformar. Superamos as dificuldades e nos reinventamos. Mostramos que esta é uma indústria que sabe se transformar em curto prazo”, analisou.

Clarissa Lins, presidente do IBP, reforçou a coragem de realizar este evento em tempos de pandemia. “Como toda inovação, esta edição será inesquecível. Desde o início da pandemia, colocamos duas hipóteses: a primeira era cancelarmos e deixarmos passar 2020, pelo tamanho do desafio e pelas dificuldades encontradas. A segunda, sermos ousados e corajosos, propondo algo totalmente novo e marcando presença na casa de cada um de vocês. Escolhemos a segunda pela coragem de seguir com um projeto desafiador”, concluiu.

 

Overview do último dia da Rio OIl & Gas

A Rio Oil & Gas promoveu, em seu último dia, histórias de sucesso de lideranças femininas do segmento que conseguiram superar barreiras, desafios e preconceitos. Anelise Lara, Diretora Executiva de Refino e Gás Natural da Petrobras, definiu de forma assertiva a singularidade feminina e a necessidade de um ambiente favorável em culturas corporativas. “Ao longo da minha carreira, vi mulheres brilhantes desistindo, por falta de tempo e apoio para administrar as funções como mãe, esposa e profissional. Acredito que podemos utilizar essa experiência do home office, fazendo horários mais flexíveis, entendendo essas demandas e retendo esses talentos na indústria”, disse.

As mudanças climáticas também estiveram presentes em diversas sessões e no CEO Talks. O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, lembrou as premissas do plano institucional para 2021 – 2025 no desenvolvimento de soluções ambientais com redução de emissões e captura de carbono. “Estamos avançando nessa corrida, colocando os temas da agenda ESG com maior prioridade e reafirmando o nosso foco em maximização sobre o retorno do capital investido”, comenta. O CEO da Raízen Ricardo Mussa, avaliou que o mercado brasileiro de distribuição de combustíveis tem características sustentáveis e ainda vai crescer por 20 anos, pois atende às expectativas da sociedade. “As pessoas estão mais atentas com saúde, meio ambiente, os critérios ESG. Isso veio para ficar e trouxe um prêmio efetivo inédito”.

Também foi oportuno debater o timing da transição energética, que se mostra urgente e progressiva. “Não é mais um debate sobre quem acredita ou não nas mudanças climáticas. O ponto é que haverá regulações mais duras e consumidores demandarão mais das companhias. O debate acabou. Nós veremos a transição acontecer”, disse Mark Wiseman, ex-VP da Blackrock.

Os mercados de gás e descomissionamento – discutidos no evento – também mereceram atenção pelos valores expressivos em aportes. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) projetou que, se o preço do gás cair em 50%, os investimentos no setor podem chegar a US$ 31 bilhões até 2030. O descomissionamento deve movimentar US$ 85 bilhões nos próximos dez anos em E&P, globalmente. E no Brasil, onde é mais recente, espera-se cerca de US$ 5 bi em quatro anos.

 

  • Highlights de sessões da Rio OIl & Gas em seu último dia:

Mudanças Climáticas

O painel “Vencendo nos anos 20: criando valor por meio da resposta às mudanças climáticas” apresentou oportunidades proporcionadas pela transição energética. Segundo Michel Frédeau, Managing Director, Senior Partner e Head da BCG Global Climate Leadership Team, o momento é de otimismo, por conta da conscientização pública, movimentos políticos globais – eleições americanas e entrada da China no Acordo de Paris – e oportunidades para crescimento econômico. “A transição energética, nesta geração, deve gerar bilhões, até trilhões, em investimentos para diminuir emissões e alcançar objetivos sustentáveis”, disse, Michel.

Mahendra Singhi, CEO da Dalmia Cement, enxergou oportunidade na transição energética e implementou estratégias de eficiência energética, um mindset de negócio progressivo e metas ousadas de sustentabilidade, sua empresa se tornou referência na produção de cimento.

Descomissionamento

A atividade de descomissionamento de ativos de E&P deve movimentar US$ 85 bilhões nos próximos dez anos, globalmente. E no Brasil, onde é mais recente, espera-se cerca de US$ 5 bi em quatro anos, considerando plataformas, poços e equipamentos subaquáticos, aproveitando também os recentes avanços regulatórios, como a resolução 817 da ANP.

Gordon Carlile, gerente de Exploração da BP Exploration, promoveu o case da plataforma fixa The Miller, que começou a ser descomissionada em 2017 no Mar do Norte. Ele mostrou como o pacote tecnológico foi um facilitador para o projeto, do planejamento à relação com fornecedores e à remoção das estruturas. Eduardo Hebert Zacaron Gomes, gerente geral de Descomissionamento da Petrobras, apresentou um caso nacional, da plataforma semissubmersível P-12, no campo de Marlim, que envolveu até uma licitação internacional para a contratação dos serviços de retirada de 32 risers, 350 km de tubos flexíveis e 45 km de estruturas rígidas.

Mercado de Gás

A nova Lei do Gás será um “marco para a abertura do setor”, que será mais dinâmico e competitivo, ressaltou Carlos Tadeu Fraga, mediador do painel “Panorama e perspectivas para o crescimento da demanda do mercado de Gás Natural”. Para Fraga, o país precisa incentivar a demanda por gás, que, no Brasil, é majoritariamente associado à produção de óleo, e tem o desafio de vencer o “gargalo a infraestrutura” de dutos, terminais e plantas de processamento.

Fabio Abrahão, diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do BNDES, ressaltou a importância da aprovação da Nova Lei do Gás. Para o executivo, estudo do banco estatal aponta para a necessidade de criar lastros para viabilizar a infraestrutura e o principal deles é a indústria, com novas fábricas de setores como siderurgia, química e cerâmica.

Rodrigo Costa Lima, gerente-executivo de Gás e Energia da Petrobras, ponderou que um primeiro importante movimento de abertura do setor foi o TCC da estatal com o Cade, que prevê a desverticalização da companhia no segmento de gás.

A Rio Oil & Gas 2020 é patrocinada pela Petrobras, Equinor, Shell, BR Distribuidora, Ipiranga, bp, Chevron, ExxonMobil, Raízen, Total, Petrogal, Repsol Sinopec Brasil, Siemens Energy, Braskem, Enauta, PetroRio, Salesforce, Dow, Oracle, Solvay, TBG, Techint, United Airlines, Vallourec e Wintershall DEA.