O gás natural tem grande potencial para complementar a geração de energia renovável, eólica, solar e hidrelétrica (cada vez mais dependente de usinas a fio d’água no país), fontes que ganham espaço na matriz brasileira. Com isso, ganham destaque as grandes reservas de gás natural do pré-sal, e o desafio é aproveitá-las e torná-las viáveis. Essas foram algumas das conclusões do Ciclo de Debates sobre Petróleo e Economia Gás do Pré-Sal: Oportunidades, Desafios e Perspectivas, realizado pelo IBP no último dia 17 de março.
O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, ressaltou que o governo lançou o programa “Gás para Crescer” com o objetivo de dar a melhor destinação para a produção do pré-sal e estimular seu uso, por exemplo, na indústria e na geração de energia, mas sempre a preços competitivos.
Para tal, disse, são necessárias as mudanças regulatórias em discussão e um amplo debate entre todos os elos da cadeia, que já acontece nos subcomitês do programa. “Queremos apresentar todas as propostas de alterações na lei que precisam passar pelo Legislativo até maio”, afirmou.
O secretário-executivo de Gás Natural do IBP, Luiz Costamilan, destacou que o gás do pré-sal é associado ao petróleo. Por isso, disse, é preciso ter “uma destinação firme” para o insumo, a fim de torná-lo competitivo e assegurar a produção contínua de óleo.
“Uma alternativa seria colocar algumas termelétricas para operarem na base [sem interrupção], o que se mostra necessário com o crescimento das usinas eólicas e das hidrelétricas a fio d´água, que apesar de operarem em ciclos diferentes, são intermitentes”, afirmou o secretário-executivo.
Segundo Costamilan, em anos recentes de hidrologia desfavorável, metade de todo o gás consumido no país – cerca de 100 milhões de metros cúbicos/dia – já é voltado para a geração termelétrica.
De acordo com o executivo, o mercado de gás está em transformação com a venda de ativos da Petrobras e são necessárias novas regras para o setor, principalmente para o transporte, escoamento e processamento da produção offshore de gás e tributação, com o objetivo de desenvolver o mercado e assegurar a participação de vários agentes, aumentando a competição.
Além de Costamilan e Félix, estiveram presentes ao evento Edmar de Almeida, professor Instituto de Economia da UFRJ, Thiago Barral, superintendente de Projetos de Geração da EPE, Mauro Yuji Hayashi, gerente-geral de Concepção de Projetos E&P da Petrobras, entre outros executivos, especialistas e acadêmicos.
Confira a agenda dos próximos eventos do Ciclo de Debates em 2017:
30 de junho | Atratividade do Upstream Brasileiro para além do Pré-Sal
22 de setembro | Regulação do Descomissionamento e seus Impactos para a Competitividade do Upstream no Brasil
1º de dezembro | A Importância da Inovação para a Competitividade do Setor Petrolífero Brasileiro