O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) reuniu, nesta quarta-feira, 12 de julho, representantes do downstream brasileiro para um debate sobre o momento de transição que vem passando o segmento que engloba as atividades de refino e logística. Para falar sobre o atual contexto, as perspectivas de atração de investimentos e a iminente entrada de novos agentes neste importante setor, o evento contou com a presença de Andre Pinto, Partner & Managing Director do Boston Consulting Group (BCG), e Marcus D’Elia, Sócio Executivo de Petróleo & Gás da Leggio.
Andre Pinto lembrou que o mercado de downstream passa por um período desafiador em todo o mundo, com a queda da capacidade de refino em algumas regiões, mas o Brasil vem mostrando potencial e oportunidades. “Em 2016, apenas o Oriente Médio e a Ásia apresentaram crescimento. Para o Brasil, foi um ano de margens positivas que, apesar de não serem sustentáveis, dão boas indicações. O país tem condições estruturais relevantes que podem transformar o segmento se as demais condições necessárias forem ativadas”, afirmou.
Ainda que seja um longo caminho a ser percorrido, as perspectivas são positivas. Marcus D’Elia também compartilha uma visão otimista. “A questão tributária brasileira é um fator limitante ao mercado livre, mas não é impeditivo. O estudo de modelos internacionais e a análise do contexto brasileiro levaram a um framework que combina regras de concorrência e comercialização de produtos, o estímulo ao investimento em infraestrutura e aprimoramento de legislação e regulação. Esse conjunto já foi aplicado em outros mercados e podem ter sucesso também no Brasil”, explicou.
Entre os entraves, Pinto destaca a concentração em um único player dos segmentos de refino e logística, apesar da abertura do mercado ter ocorrido em 1997. “A defasagem de preços tem prejudicado fortemente a atratividade do mercado no midstream e no refino”, disse. “Não há uma solução óbvia para a abertura de mercado. As nuances de cada país são de extrema relevância e podemos observar que países emergentes adotaram modelos distintos para atração de investimentos”, concluiu.
Para Carla Imbroisi, Gerente de Logística do IBP, é necessária uma articulação entre os órgãos federais, entidades de classe e agentes privados. “O caminho é longo e as soluções não são tão simples, mas, juntos, precisamos buscar saídas que tragam oportunidades. Desde o ano passado, o IBP vem trabalhando em uma agenda positiva em torno deste tema, gerando debates e contribuindo com importantes informações as iniciativas hoje em andamento na esfera governamental”, contou.
O downstream também estará na programação da O&G TechWeek, primeiro evento brasileiro de tecnologia voltado para a indústria de petróleo e gás, organizado pelo IBP de 21 a 25 de agosto, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.