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O Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Bicombustíveis (IBP), por meio do Comitê Jovem e em parceria com a KPMG, realizou nesta terça-feira, 15/05, a primeira edição do ano da Rodada Jovem. O objetivo do evento era debater o programa Gás para Crescer, o desenvolvimento do mercado nacional e os aperfeiçoamentos regulatórios para a expansão do comércio de gás natural. Com a participação de especialistas e representantes dos principais agentes do mercado, o encontro teve ainda a presença de jovens profissionais interessados no setor.

Nos últimos anos, a importância do gás natural no consumo de energia global aumentou de forma significativa. No Brasil, a produção vem se expandindo graças a mudanças estratégicas capazes de gerar novas e importantes oportunidades de negócios para o setor. Durante o painel de abertura da Rodada Jovem, Jorge Delmonte, gerente de Regulação de Mid e Downstream de Gás Natural do IBP, destacou os dois movimentos que impactaram o mercado de gás: a venda de ativos da Petrobras, especialmente na área de transporte; e o lançamento do programa Gás para Crescer, motivado, principalmente, pela venda de ativos da Petrobras.

“O Gás para Crescer surgiu visando à abertura do mercado, à atração de investimentos e à transparência do setor. Nesse sentido, estamos trilhando um caminho que não tem mais volta, o mercado seguirá abrindo e atraindo novos investimentos. O que vai variar é a velocidade com que essas mudanças vão ocorrer”, afirmou Delmonte.

Segundo Lívia Amorim, sócia da Souto Correa Advogados, o pontapé inicial dado pela Petrobras foi a principal sinalização das mudanças à frente. “É importante ressaltar que o movimento foi iniciado pelo mercado. Ou seja, há uma indicação clara do caminho que a indústria deseja seguir, e o Projeto de Lei do Gás Natural [em tramitação no governo] pode ajudar a acelerar as transformações que acontecerão de qualquer maneira”, sentenciou.

No entanto, o movimento de reforma do setor traz alguns desafios. Para Ricardo Pinto, diretor comercial da NTS, o segmento de transporte, por exemplo, está inserido em um ambiente de monopólio natural, além de ser altamente regulado. “Não é fácil construir esse avião em pleno voo, especialmente quando o debate gira em torno de mudanças nas regras e na forma de atuação dessa indústria. A área de transportes precisa estar de acordo com as regras do órgão regulador, que também estão passando por uma fase de transição”, disse Pinto.

De acordo com o executivo, o transportador terá um grande protagonismo e um papel ainda mais complexo nesse novo ambiente que se propõe a partir das discussões em torno do Gás para Crescer e do Projeto de Lei do Gás Natural. Pinto defende que, a partir da entrada de novos agentes para acessar ao sistema, especialmente no que se refere ao Mid e Downstream, é preciso que haja uma coordenação, um controle, um código de conduta e acordos de interconexão para proporcionar um ambiente de maior flexibilidade e liquidez, com mais de um carregador.

“Para isso, porém, é fundamental que se desenvolva a demanda. Ou seja, não adianta discutirmos somente o acesso, as facilities de escoamento e processamento e o acesso à malha de transporte, sem discutirmos também a abertura do mercado e o desenvolvimento que esse mercado precisa ter para que possamos experimentar uma onda de crescimento que o Brasil tem condição de enfrentar nos próximos anos. Trata-se de uma indústria de rede, de infraestrutura e, portanto, as mudanças não são rápidas, é preciso focar no longo prazo”, explicou Pinto.

Os pilares da transformação

Durante a palestra de abertura do evento, Anderson Dutra, sócio-líder de Óleo e Gás da KPMG, listou os quatro elos fundamentais para o desenvolvimento setor de gás no Brasil.

– Matriz energética: o gás passa a ser um grande elo no processo de transformação da matriz energética do fóssil para o renovável.

– Competitividade: o investidor olha para um determinado negócio em uma conjuntura global, investindo não apenas no ativo, mas também no país. Nesse sentido, os investidores passam a comparar o Brasil com outros países.

– Transformação digital: a disrupção e a Indústria 4.0 já são uma realidade e o setor precisa estar atento a esse processo. Quem não surfar essa onda, perderá, automaticamente, a competitividade, levando a redução dos investimentos.

– Entrada de novas pessoas no mercado: há, cada vez mais, a inclusão de jovens profissionais assumindo novas responsabilidades e desafios. Essa geração tem alto poder de absorção, conhecimento e síntese, além de compartilhar conhecimento como poucas gerações fizeram.