Evento reuniu mais de 40 mil visitantes e trouxe nomes de peso para discutir temas do setor
Rio de Janeiro, 27 de setembro de 2018 – O presidente da República Michel Temer afirmou, durante cerimônia de encerramento da Rio Oil & Gas, que “a abertura e competição levou o país a atrair investimento e tecnologia” para o setor de óleo e gás. “O Brasil das reformas inspirou investidores a se sentirem seguros, e verifico aqui esse otimismo nesse novo Brasil. Não vamos permitir que o país e o setor voltem ao século XX”, disse Temer, em referência ao resultado das eleições. A Rio Oil & Gas 2018 reuniu mais de 40 mil visitantes nos quatro dias de evento.
O governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, disse “o petróleo é vocação natural do nosso estado”. “Projeções mostram investimentos superiores a R$ 1 trilhão do setor de óleo e gás no Rio de Janeiro até 2030. Os investimentos não são apenas números, mas têm impacto direto na sociedade, com geração de emprego, aumento da renda e melhoria dos serviços públicos, como resultado do crescimento na arrecadação de tributos”, disse, durante a cerimônia.
Também presente ao encerramento, o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Bicombustíveis (IBP), José Firmo, afirmou que os investimentos trazidos de volta ao país vão resultar em 400 mil novos empregos e mais de R$ 160 bilhões de arrecadação ao ano. “Vamos prosseguir no engajamento para mostrar a relevância e o impacto positivo da nossa indústria. Temos de aproveitar a janela de oportunidade para converter reservas em riqueza neste momento de transformação”, disse.
O presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, comentou que a retomada do otimismo da indústria se reflete em discursos entusiasmados de grandes companhias do setor, o que aponta o “esforço do governo para promover normas para tornar mais atrativo” o setor no país. Ivan afirmou ainda que a Petrobras “se desenvolveu e se sente confortável com a maior competição”.
Décio Odonne, Diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), reforçou também a importância de “não retroceder nos avanços obtidos, evitar monopólios e preços artificiais”, evitando uma visão ideológica sobre o setor.
Já o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, destacou a importância das mudanças realizadas nos campos de conteúdo local, fiscal (renovação do Repetro) e na abertura para novas operadoras no pré-sal. “Víamos a fragilidade do setor, que é tão importante para o país, e tínhamos a necessidade de repensar uma agenda [de reformas], que permite agora esse novo momento de retomada”, afirmou.
Pré-sal
O pré-sal também foi foco no painel “A retomada da exploração em um cenário de evolução tecnológica”. A diretora executiva de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes, destacou que o pré-sal não só está entre as maiores reservas de óleo e gás descobertas no mundo nos últimos anos, como também é uma área que demanda inovação e desenvolvimento tecnológico.
Arnaud Breuillac, presidente de Exploração e Produção da Total, exemplificou que esses avanços podem trazer benefícios para o pré-sal como o que já ocorre com o uso de drones para fazer levantamentos sísmicos em florestas, sem a necessidade de desmatar ou causar outros impactos ao meio ambiente.
Já Stephen Greenlee, presidente global de Exploração da ExxonMobil, ressaltou a importância do pré-sal e disse que as reservas descobertas no Brasil nos últimos anos são as maiores do mundo e superam as dos cinco países seguintes somadas, o que levou a companhia norte-americana a voltar aos leilões e investir em novas áreas no Brasil. “Identificamos que precisávamos estar no Brasil e, até agora, já mapeamos cerca de 30 alvos para perfuração em novos ativos no país”, disse.
Campos maduros nas bacias terrestres
As oportunidades de exploração e a revitalização de campos maduros foram debatidas no Fórum de Onshore. Representantes da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), além de consultores e executivos de empresas do setor analisaram o atual cenário do mercado e fizeram previsões para os próximos anos.
Marcos Frederico de Souza, superintendente de estudos de Petróleo da EPE, traçou os aspectos positivos para o investimento nessa área: “a oferta descentralizada dos campos e a possibilidade de participação de empresas menores são aspectos que facilitam um projeto de revitalização e exploração permanente desses campos”, afirmou.
Newton Monteiro, consultor da NRM Consultoria, afirmou que é urgente reverter a acelerada queda das reservas dos campos em bacias maduras. Entre os anos 2000 e 2018, o setor registrou uma queda de 49% da produção. “Não se pode deixar de produzir o petróleo e gás natural já descobertos e avaliados ao longo de décadas, particularmente sabendo que ele se encontra em regiões do país onde essa atividade é quase sempre a única a gerar renda”, concluiu.
Impactos do RenovaBio
O RenovaBio, uma política nacional de incentivo à produção de biocombustível, foi tema de painel no Fórum de Downstream, que avaliou sua trajetória e perspectivas para os próximos anos.
Paulo Costa, analista de infraestrutura do Ministério de Minas e Energia (MME), apresentou os principais instrumentos do RenovaBio: “garantir o cumprimento das metas nacionais de redução de emissões para a matriz de combustíveis; exigir certificação de produção de biocombustíveis e criar o crédito de descarbonização (CBIO) como ativos financeiros negociados em bolsa”, resumiu.
O RenovaBio também abre discussão para questionar se tendências mundiais são aplicáveis ao Brasil. Para José Mauro, diretor de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, veículos elétricos, por exemplo, são ótimas alternativas para a realidade dos países europeus, mas não se aplicam ao Brasil. “Nossa farta matriz energética somada à nossa estrutura de postos de distribuição faz com que o biocombustível seja a via ideal para a transição para energia limpa”, afirmou. “Temos um desafio de regulamentação para que a política seja colocada em prática, mas o RenovaBio é um programa de sucesso desde já”, concluiu.
Pacto anticorrupção
O último dia da Rio Oil & Gas 2018 também foi marcado pela assinatura do Pacto de Integridade da Indústria de Petróleo, Gás e Biocombustíveis. Com a participação do Ministro da Transparência e Controladoria Geral da União (CGU), Wagner Rosário, a cerimônia reuniu CEOs das 14 empresas signatárias – Petrobras, Shell, BP, Total, TechnipFMC, Chevron, Halliburton, Repsol Sinopec, Schlumberger, Equinor, Aker, BHGE, Ocyan e Siemens.
O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), José Firmo, comentou sobre o ineditismo do Pacto da Integridade no setor. “Ao longo dos últimos quatro anos no Brasil e de 40 anos no mundo, compliance virou palavra de ordem. Nesse sentido, a indústria de petróleo e gás vive um momento histórico, que deve servir de inspiração para que outras iniciativas como essa possam surgir nos mais variados setores econômicos”, disse José Firmo, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP).
Para o ministro Rosário, o pacto vai ao encontro dos programas de combate à corrupção que vêm sendo desenvolvidos pelo governo federal. “A indústria de petróleo e gás está dando um primeiro passo que é muito significativo. Isso ajuda a modificar o país e faz com que o Brasil trilhe o caminho que todos queremos”, afirmou.
Por fim, Rafael Mendes, diretor executivo de Governança e Conformidade da Petrobras, ressaltou a importância do Pacto de Integridade como mecanismo de união do setor. “Esse pacto une toda a cadeia de suprimentos e a indústria de O&G em direção à integridade”, finalizou.
Caderno de Boas Práticas – UPGN
A Rio Oil & Gas contou ainda com o lançamento do “Caderno de Boas Práticas – Diretrizes para Acesso à Unidade de Processamento de Gás Natural – UPGN” pelo IBP. O material, que já está disponível no site do IBP, foi elaborado pelos Comitês Técnicos da Secretaria Executiva de Gás Natural do Instituto baseado nas melhores práticas internacionais e adota como referência o Code of Practice on Access to Upstream Oil and Gas Infrastructure on the UK Continental Shelf.
Exposição
A feira de negócios da Rio Oil & Gas, que contou nessa edição com 400 expositores, recebeu novidades focadas especialmente nas novas tecnologias.
A Omni Taxi aéreo trouxe o helicóptero AW189, único exemplar do modelo no Brasil, que tem capacidade para 16 passageiros e também faz transporte de cargas. A empresa também estava focada em apresentar os demais produtos em soluções aéreas, como os drones. “Podemos oferecer imagens de locais de difícil acesso, que normalmente demandaria uma forte estrutura de segurança e poderia até parar a produção”, explica o diretor de Desenvolvimento de Negócios, Ricardo Araújo.
O estande da Equinor, petroleira norueguesa, ofereceu para os visitantes a possibilidade de “caminhar” por uma plataforma de perfuração ou fazer uma inspeção subaquática em uma plataforma. No espaço, dois quiosques com óculos de realidade virtual levavam o público para dentro de suas operações. Além disso, uma terceira tela apresentava os óculos de realidade aumentada, que “mapeia” as instalações e informam origem e fornecedor de cada peça, por exemplo, tecnologia que já é utilizada em plantas na Noruega.
Já a Firjan trouxe para a feira soluções empresariais para capacitação de pessoas. O espaço apresentou a Escola Móvel de Solda, um ônibus com 14 cabines de soldagem onde são ministradas aulas práticas para funcionários de uma fábrica. O objetivo é otimizar o tempo e custos de uma empresa que precise capacitar seu quadro.
A Rio Oil & Gas 2018 é patrocinada pela Petrobras, BP, Modec, Shell, Suatrans, Total, Santander, Chevron, Dow Química, Equinor, ExxonMobil, Galp, Repsol Sinopec, Misc Group, PetroRio, BakerHughes, Braskem, Fluor, Ipiranga, Microsoft, Plural, Porto do Itaqui, QGEP, Raízen, S&P Global Platts Thomson Reuters, Sulzer, Rosneft, TBG, Vallourec e WeWork.