Estabilidade operacional, ampliação da cybersegurança e fortalecimento da competitividade são outras vantagens desta integração
Executivos da Vale, da Microsoft, da Shell e da KPMG foram unânimes ao afirmar, na última edição da TECHTerça, promovida, no último dia 23, pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), que a convergência entre os setores de OT (Tecnologia Operacional) e IT (Tecnologia da Informação) é essencial para o desenvolvimento de insights e a análise para decisão de investimentos em projetos de longo prazo.
O webinar, que pode ser acompanhado gratuitamente no canal do Instituto no YouTube, ainda proporcionou amplo debate sobre a relevância da integração como o primeiro passo para a transformação digital da industria, caso do segmento de petróleo e gás, o que representa a construção de uma base de dados confiável para extrair valor ao negócio.
Victor Venâncio, Sócio Diretor de Automação, Indústria 4.0 e Transformação Digital da KPMG, avaliou que toda esta convergência tem proporcionado dois movimentos: a aplicação de recursos da Indústria 4.0 – como IoT, Inteligência Artificial, Realidade Aumentada – como ferramenta para permear e uniformizar todos os processo de uma organização, além de analisar que o aumento da competitividade e a necessidade de qualificação técnicas de equipes fez com que a automação saisse do “chão da fábrica” e passasse ao setor corporativo para ser alvo do sucesso de planejamentos de qualquer executivo.
“Cria-se uma experiência aprimorada para o cliente em ambiência B2C por meio de vetores de valor para vantagens competitivas, que estão ocorrendo desde a década passada. Muitas empresas ainda não têm esta integração por existirem profissionais com culturas diferentes, ciclos de investimentos distintos e cotidiano de atividades não uniformes”, analisa Venâncio, que também é membro do Comitê de Convergência OT & IT do IBP.
A preocupação com a cybersegurança foi lembrada por Luiz Cançado, Gerente de Projetos da Data Analytics da Shell, ao avaliar a importância do gerenciamento de risco para se analisar o impacto e a probabilidade de eventos, como o aparecimento de ameaças para atividade industrial. “Podemos ter como exemplo a exposição de sistemas OT obsoletos para potenciais melhorias ou instalação de patches ou o trafego não autorizado com a perspectiva de um malware se espalhar pela rede”, pondera.
Para Cançado, “a convergência de dados do chão de fábrica combinados com informações de outros setores da companhia proporciona maior capacidade de análise de dados para a gerência ter mais insights e automatiza processos, bem como reduz custos para ações que não geram real valor para a atividade industrial”.
“Levar os dados para a nuvem é o futuro”, ressaltou Claudio Makarovsky, Diretor da Microsoft. O executivo citou que cerca de 33% de dados estão armazenados em nuvem no Brasil diante de um mercado em consolidação de US$ 7 bilhões até 2025. Neste período, todo volume de dados processados no mundo vai chegar a 175 zettabytes, o que daria para empilhar 33 vezes um volume de DVDs da Terra até a Lua.
Makarovsky ainda mencionou que aplicativos de colaboração estão se tornando cada vez mais frequentes nas corporações, além das empresas terem total ciência de que o foco deve ser o resultado do seu negócio, procurando terceirizar determinados serviços, como gestão de Data Centers.
Todo processo de integração entre OT & IT foi iniciado em 2019 na Vale, nas palavras do seu CIO, Gustavo Vieira, que tem como pilar a democratização digital para que se possa trabalhar em “um departamento único”. Em uma visão geral, Vieira disse que a Vale tem mais de meia década de projetos bem sucedidos com armazenamento em nuvem e mais de 3 mil ativos de automação sendo suportados por toda infraestrutura proporcionada por esta convergência. Uma equipe de 40 profissionais está totalmente dedicada para participar das 4 etapas de digitalização institucional.
A empresa já conta com uma mina autônoma em Minas Gerais, além de centros de inovação e centro de IA desenvolvido no ano passado como parte de um processo global de gestão.
A TECHTerça terá uma roda vida no próximo dia 30 de junho com a participação de Nicolas Simone, Diretor Executivo de Transformação Digital da Petrobras, que será entrevistado por três profissionais com reconhecimento neste segmento: Isabel Waclawec (Diretora de Pesquisa & Desenvolvimento da Total), André Clark (CEO da Siemens Brasil) e Nivio Ziviani (professor da Universidade Federal de Minas Gerais e consultor de tecnologia da Petrobras).