A tecnologia tem papel fundamental no futuro da indústria do petróleo, que deve avançar rumo à descabornização, com garantia de acesso à energia por toda população – o que demandará pesados investimentos. Em debates nesta segunda-feira (26), na Rio Oil & Gas, especialistas da indústria destacaram a relevância da pesquisa e das inovações para transformar em realidade as metas do setor, num cenário de mudanças climáticas e demanda crescente por energia.
Fernanda Delgado, diretora executiva corporativa do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, destacou a necessidade de investimentos para concretizar essas novas tecnologias. Segunda ela, serão demandados US$ 90 bilhões até 2026 em inovações para promoção do netzero e 50% dos novos processos e tecnologias ainda não foram criados, de acordo com Agência Internacional de Energia. “Fósseis e renováveis não são inimigos. O futuro depende de cooperação para gerar oportunidades. Especialmente quando falamos nos segmentos de O&G e energia, que são responsáveis por 15% das emissões diretas e indiretas globais”, avalia a executiva.
Para o professor de sustentabilidade da UFRJ, Millad Shadman, a eletrificação, a eficiência e a transição energética nos segmentos de O&G e energia devem estar integradas para se alcançar a neutralidade de carbono até 2050. O gerenciamento do mix energético – também composto por eólica, eólica offshore e solar – é fundamental para o avanço de uma política de baixo carbono, avalia Elbia Gannoun, presidente da ABEEólica. Ela defende que o Brasil deve ser parte de um dos principais blocos de investimentos do mundo para desenvolvimento de inovações e tecnologias disruptivas nestas áreas.
SEGURANÇA E EFICIÊNCIA
Durante o painel “Novas tecnologias para o pré-sal: avanços recentes e como a tecnologia pode ajudar na geração de valor”, José Formigli, CEO da Forsea Engenharia, afirmou que um dos pilares do crescimento da produção de óleo e gás no Brasil é justamente o uso de tecnologias para que os projetos sejam seguros, eficientes e com limites cada vez mais baixos de viabilização econômica.
Durante o painel, Maiza Pimental Goulart, gerente executiva do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), ressaltou que, nos últimos dez anos, a empresa evoluiu muito no pré-sal por conta do uso de tecnologia avançada e busca mais parcerias, com empresas, academias e centros de pesquisa.
O gerente geral de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Shell, Olivier Wambersie, concorda que, para transformar o sistema energético, é preciso parceria. Já a vice-presidente da Equinor, Ana Serrano Oñate, acredita que, num novo ambiente de negócios, é preciso se “adaptar à inovação”.
O papel da infraestrutura teve destaque nos painéis do evento por ser um dos gargalos no desenvolvimento do país, inclusive no que diz respeito à descarbonização. Para Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), é preciso combinar investimentos públicos e privados para aumentar o investimento do PIB na melhoria da infraestrutura brasileira. Ele participou do painel “Descarbonização profunda da cadeia de valor de energia”.
Fernanda Delgado, diretora executiva corporativa do IBP, lembrou que o mercado e números expressivos apontam que o Brasil já fez a sua transição energética. “Muitos dizem que já fizemos a nossa transição. 85% da nossa matriz de energia elétrica é totalmente renovável. Além disso, o Brasil já sai na frente por termos o biodiesel. As refinadoras vão ter que ser adaptar a um futuro de combustíveis alternativos”, afirmou.
Outro ponto abordado no painel foi a diversidade relacionada ao uso de diferentes fontes de energia em diferentes segmentos e regiões. Na prática, essa diversidade já começa a acontecer, com a participação da indústria da aviação, de portos, aeroportos, empresas de seguro e instituições de financiamento debatendo a descarbonização. Segundo Doreen Burse, vice-presidente mundial de vendas da United Airlines, quer reduzir em 85% as suas emissões de carbono até 2050.
O mercado de combustíveis terá crescimento de 25% a 30% da demanda até 2035, o que mostra sua relevância para a matriz energética. Para atender essa demanda, é preciso um mercado cada vez mais aberto, competitivo e com investimentos em infraestrutura, destacou Marcelo Araújo, diretor do grupo Ultrapar, durante painel “Um novo paradigma para distribuição e revenda de combustíveis no Brasil”.
“Temos ainda um desafio de infraestrutura para atender essa demanda de 30%. Estudo do IBP estima necessidade de R$ 118 bilhões de investimentos em infraestrutura e que devem reduzir em R$ 2,6 bilhões por ano do custo total de distribuição”, ressaltou Araújo.
Henry Hadid, vice-presidente jurídico da Vibra, destacou a importância da Lei 192, que busca a simplificação tributária no segmento dos combustíveis, e aprovou a monofasia do ICMS cobrança em apenas um elo da cadeia do setor.
Symone Araújo, diretora da ANP, destacou a necessidade de a agência reguladora responder os desafios de crescimento do setor, removendo barreiras, estimulando a atuação segura de novos agentes e buscando ampliar a concorrência. “Precisamos atrair investimentos. Com privatização do refino, teremos novos fluxos e agentes competidores. Queremos ter um mercado ainda mais aberto, dinâmico e competitivo”, finalizou a diretora da ANP.
A Rio Oil & Gas 2022 segue até quinta-feira e é patrocinada por Petrobras, Ambipar Response, Equinor, Shell, TotalEnergies, Vibra, Ipiranga, Raízen, BP, Bunker One, Chevron, ExxonMobil, Karoon Energy, Modec, Galp, PETRONAS, Repsol Sinopec, 3R Petroleum, Acelen, Siemens Energy, Trident Energy, Braskem, Enauta, Halliburton, McDermott, NTS, PECOM, PRIO, Salesforce, Saipem, Subsea 7, AET, Baker Hughes, DOW, Fluxys, Oracle, Perbras, Solvay, TAG, TBG, Techint, Vallourec, Wintershall Dea, Horizon-Partners, Ultracargo, Weatherford e WTW. O evento ainda tem a Apex-Brasil como parceira no espaço “O&G Partnership Lounge” e a United Airlines como companhia aérea oficial.